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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Bolsonaro terá de pagar

Em quatro anos, nunca o chamei de burro, aloprado, incompetente; sabia que ele era muito mais perigoso

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Confesso que estava com saudade de escrever sobre Bolsonaro. Dia sim, dia não, durante quatro anos, manchei esta coluna com o nome dele, mas por motivo justo. Era preciso alertar para o perigo sobre a democracia. Desde o primeiro minuto de governo, a estratégia de Bolsonaro era clara: costurar o Judiciário por dentro e pelas beiradas, corromper os militares e fomentar uma milícia popular armada para o caso de ele não se reeleger. Sem reeleição, era o golpe. Nos dois casos, viria a ditadura.

O próprio formato do golpe estava na cara: instaurar um clima de insurreição que obrigasse a uma definição dos generais —ou embarcavam na sua aventura ou teriam de se haver com as polícias, os oficiais mais jovens e os particulares armados. Tudo se cumpriu. Vieram as provocações ao STF, a tentativa de explosão no aeroporto de Brasília, as concentrações nas barbas dos quartéis e o 8/1 —está tudo nos celulares de Mauro Cid e demais golpistas. Mas, para desgraça de Bolsonaro, a maioria dos generais não embarcou e, diante disso, seus exércitos privados não saíram.

Nunca desperdicei tinta chamando Bolsonaro de burro, aloprado ou incompetente. Sabia que ele não era nada disso. Tudo o que fez, cada destrambelho, insulto ou grosseria, era planejado com método e objetivo: jogar fumaça sobre os atos de governo destinados à sua eternização.

A era Bolsonaro nos conscientizou sobre a diferença entre a democracia e a ditadura no quesito corrupção. A democracia é o estamos aí, o vai da valsa, que favorece a corrupção. Mas, na democracia, ela pode ser denunciada e combatida. A ditadura é o discurso rígido e moralista, mas a corrupção existe do mesmo jeito e não pode ser sequer denunciada.

Exceto pelas duas ditaduras que nos infligiram, de 1937-45 e 1964-85, nunca um presidente brasileiro atentou contra o Estado Democrático. Bolsonaro terá de pagar por isso.

Bolsonaro fala sobre acusações de seu ex-ministro Sergio Moro ao se demitir - Pedro Ladeira - 19.mai.21/Folhapress

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