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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Cadeia para Bolsonaro

Se ele continuasse no poder, a Justiça é que estaria hoje sob o seu senso particular

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Bolsonaro pediu a libertação dos extremistas presos pelo 8/1. Disse que eles são inocentes. E muitos talvez o sejam, no sentido de que, pascácios, papalvos e patetas, deixaram-se aliciar pela sua incessante pregação golpista e foram para Brasília como zumbis aparvalhados. Já os que os financiaram, transportaram, alimentaram, abrigaram e organizaram —e isso vai de paisanos a fardados—, não podem ter refresco. Sabiam o que estavam fazendo. Se acha que os baderneiros são inocentes, Bolsonaro deveria oferecer-se como resgate e se trocar por eles no xilindró.

O próprio Bolsonaro está afinal em julgamento por ter feito da Presidência um palanque de luxo, financiado com nossos impostos, para seus comícios reeleitorais. Durante quatro anos, Bolsonaro fez do bem público sua propriedade privada. Não por ignorância, mas por achar que para isso tinha sido eleito —para se reeleger. Cada minuto de seu "governo" foi dedicado à campanha, e isso incluiu usar o microfone da ONU como megafone para seu propósito. As relações do Brasil com outros países não lhe interessavam, o importante era o recado interno. Com isso, expôs o Brasil à chacota mundial e nos reduziu como nação ao arraial jeca de sua cabeça.

Bolsonaro disse também que só é responsável pelos atos que assinou. Mas será preciso o formalismo da caneta para assinar certos atos? Não bastarão os comícios enfurecidos nas motociatas, os insultos abertos à Justiça no cercadinho do Alvorada, as jactâncias em instituições militares gabando-se do "seu Exército" —com o que comprometeu a Força dos quepes aos bonés— e, mais violentos ainda, os vídeos e entrevistas gravadas em que ejaculou suas ameaças?

A Justiça pretende-se técnica, o que às vezes significa leniência para alguém tão descaradamente culpado.

Mas, se Bolsonaro continuasse no poder, a Justiça é que estaria hoje sob o seu senso particular.

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