Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Descrição de chapéu tecnologia

Samba do algoritmo doido

Se quiser ouvir respostas certas para suas perguntas, não confie num robô com menos de 30 anos

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A inteligência pode ser artificial, mas o risco é real. Os robôs da "IA generativa" inventam respostas para perguntas que não sabem responder ---"respostas" que podem levar à perda de milhões em dinheiro, de projetos inteiros e até de vidas. E não sou eu que o digo, mas os técnicos da start-up Vectara, formada por ex-funcionários do Google. Segundo eles, a margem de erro das respostas desses robôs pode chegar a 27%. Você confiaria sua vesícula biliar a um gastroenterologista que errasse 27% dos diagnósticos?

Parece grave, mas, numa tirada jocosa, os rapazes atribuem isso a uma "alucinação" que acometeria os robôs, uma espécie de samba do algoritmo doido. Não é não. Alucinação foi o que aconteceu a Hal-9000, o computador de "2001: Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, obrigando os astronautas a desligá-lo em pleno voo. O que os robôs estão fazendo é errar e mentir, por irresponsabilidade ou maldade.

A confirmar isso, os técnicos informam que as "IAs generativas" não foram feitas para serem "factuais", ou seja, exatas. Ao contrário, são estimuladas a exercer "uma pitada de criatividade para humanizar a interação". Significa que, sem saber direito uma resposta, o robô produz outra por analogia, para não decepcionar o cliente. Exemplo: pergunta-se sobre medicação via oral e ele, numa pitada de criatividade, responderá sobre sexo oral.

Os robôs brincalhões podem estar interferindo em decisões médicas, judiciais, científicas, políticas, comerciais, educativas, quem sabe ideológicas, e gerando fake news. E não sei se surtirá efeito educá-los como se faz com as crianças: "Você não pode inventar uma resposta quando não souber!". Em caso de desobediência, como puxar-lhes as orelhas?

Prefiro acreditar que, parafraseando a frase de 1968, de que não se podia confiar em ninguém com mais de 30 anos, hoje não se deve confiar é em robôs com menos de 30 anos.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas