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Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO). É doutor em economia pela USP.

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Semana dos bancos centrais

No Brasil, Copom começa a enxergar a economia caminhando para o pleno emprego

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Na quarta-feira (21), houve a divulgação da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil e a do seu equivalente americano, o Fomc.

Na decisão doméstica, a grande dúvida era se haveria uma subida a mais de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, ou se o Copom pararia em 13,75%. Parou com decisão não unânime.

A novidade mais importante na divulgação foi o reconhecimento no comunicado de que havia um risco altista para a inflação, não identificado anteriormente, de "um hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho".

Sede do Banco Central, em Brasília - Pedro Ladeira - 4.mai.22/Folhapress

O Copom começa a enxergar a economia e, em particular, o mercado de trabalho caminhando para o pleno emprego. Trata-se de cenário novo e benfazejo que não se via desde a saída de nossa grande crise de 2014 até 2016.

No entanto, do ponto de vista do controle da inflação, a economia a pleno emprego gera novas preocupações e pode demandar retomada do ciclo de elevação da Selic, se a inflação não ceder em 2023 como esperado pelo Copom. De fato, a decisão de parar o ciclo de alta veio com o aviso de que o comitê retomará as elevações da Selic se necessário for.

As novidades maiores vieram com a decisão do banco central americano, conhecido por Fed. A taxa de juros, como se esperava, subiu 0,75 ponto percentual e agora se situa entre 3% e 3,25%.

A cada três reuniões, os membros do Fomc apresentam suas previsões para crescimento da economia, desemprego, inflação e para a taxa de básica de juros, que lá se chama Fed Funds (FF). As novidades vieram na divulgação das projeções. A mediana dos membros do Fomc reconheceu que o ciclo de alta levará as FF para entre 4,25% e 4,5% no fim deste ano e para entre 4,5% e 4,75% no fim de 2023. Os juros provavelmente ficarão mais altos do que se esperava e por mais tempo.

Os juros mais elevados produzirão crescimento da economia abaixo do potencial e, consequentemente, a taxa de desemprego elevar-se-á em aproximadamente 0,7 ponto percentual, para 4,4%, saindo dos atuais 3,7%.Em vista da experiência histórica, a alta do desemprego enxergada pelos membros do Fomc é relativamente pequena. Em geral, níveis elevados de inflação como os atuais requerem esfriamento maior da economia para quebrar a inércia inflacionária.

Na sessão de perguntas e respostas que tradicionalmente se sucede à divulgação da decisão do Fomc, o presidente do Fed, Jerome Powell, foi diretamente questionado a esse respeito: por que no atual ciclo seria diferente?

Jerome elencou três motivos: 1) o fato de o desequilíbrio do mercado de trabalho ter um componente elevado de excesso de vagas, que, com a normalização pós pandemia, pode diminuir; 2) o fato de as expectativas apontarem inflação na meta a longo prazo; 3) e o fato de haver componente importante do atual processo inflacionário que é fruto de choques de oferta que se reverterão nos próximos meses (de fato já estão se revertendo).

A aposta do Fed de uma desinflação pouco dolorida dará certo? Ninguém sabe. Saberemos aproximadamente em abril de 2023, quando os choques tiverem em grande medida se revertido. Minha aposta: quando chegarmos lá, descobriremos que o grau de inércia da inflação americana é maior do que se imagina e talvez teremos que ver FF a 5%-5,5%.

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