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Economista principal do Banco Mundial para o Brasil e doutora em economia pela Universidade de Manchester (Reino Unido)

Descrição de chapéu tecnologia Enem Fies

Inteligência artificial na educação: entre a tecnologia e o toque humano

Tecnologia pode ampliar e facilitar ensino, mas nunca substituir o julgamento e a orientação de professores

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A Inteligência artificial (IA) tem gerado ondas de entusiasmo no setor educacional. A promessa é clara: personalizar a aprendizagem, capacitar professores e enfrentar a crise global de aprendizagem em um grau de especificidade único, em escala sem precedentes. Mas enquanto navegamos por essa nova fronteira, é crucial abordar a IA com um otimismo cauteloso e contido.

O recente relatório "A Revolução da IA na Educação: O Que Você Precisa Saber", do Banco Mundial, pretende ser um guia para revolução da IA na educação, destacando benefícios e também pontos de atenção, a partir da avaliação de inovações-chave impulsionadas por diversos países da região América Latina e Caribe.

Escolas adotam inteligência artificial para ajudar aluno a escrever redação - Divulgação

Para os professores, mentores com tecnologia de IA, como os desenvolvidos pela Elige Educar no Chile, estão fornecendo orientação de carreira personalizada. O programa "Quiero Ser Profe" demonstrou efeitos positivos significativos na matrícula de alunos do ensino médio em programas de formação de professores.

Para os alunos, sistemas de tutoria com tecnologia de IA oferecem aprendizagem personalizada em escala. Um estudo no Equador constatou que o acesso ao sistema ALEKS para correção de matemática levou a melhorias significativas nas pontuações dos testes e nas taxas de aprovação do curso para alunos do ensino superior.

Na administração educacional, assistentes com tecnologia de IA vêm simplificando processos como gerenciamento de currículo e alocação de recursos. Sistemas de alerta preventivo implementados no Chile, Peru e Uruguai estão ajudando a identificar alunos em risco de evasão escolar.

No entanto, apesar dos benefícios evidentes, é preciso ter cautela. Por exemplo, o uso controverso de ferramentas de IA generativas, como o ChatGPT, para tarefas escolares destaca a necessidade de os educadores adaptarem as estratégias de avaliação e promoverem o uso responsável dessas tecnologias.

A IA não pode ser vista como uma solução mágica. A educação é fundamentalmente uma atividade humana, de interação entre pessoas. A tecnologia pode ampliar, alavancar e facilitar, mas nunca substituir o julgamento e a orientação dos professores.

Além disso, a IA pode exacerbar as lacunas digitais entre países e comunidades caso a implementação seja descuidada. Superar a exclusão digital por meio de investimentos em infraestrutura e formação deve ser prioridade se quisermos extrair o máximo de benefícios possível que a IA pode oferecer à educação.

Também será necessário investir em infraestrutura digital, desenvolver a capacidade dos professores, promover a alfabetização em IA e estabelecer estruturas de governança robustas para garantir o uso ético e responsável da tecnologia.

A IA pode ajudar a revolucionar a educação, mas não deve ser vista como uma panaceia. Todo esse potencial só será aproveitado com investimentos em pessoas e processos. Com ação coletiva e cautela, a IA é uma aliada poderosa para superarmos um dos maiores desafios da nossa geração: a crise global de aprendizagem. Mas são a sabedoria e o trabalho árduo dos educadores que farão a diferença duradoura no aprendizado das crianças e adolescentes.

Este artigo foi escrito com meus colegas Facundo Cuevas (líder do programa de Desenvolvimento Humano do Banco Mundial para o Brasil) e Ezequiel Molina (economista sênior da equipe de Educação do Banco Mundial)

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