Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.
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Meu fígado vai bem, obrigado. Magnoli e Narloch ficaram consternados com minhas "reações fisiológicas"; para o ombudsman, escrevo "sem poupar o fígado". Não é de hoje que se distingue razão de emoção para desacreditar argumentos. Os cânones clássicos da filosofia põem mulheres e negros como seres inferiores (vide Enciclopédia de Stanford e "Race and the Enlightenment").
À polícia do identitarismo: guarde suas armas. Ninguém está cancelando Platão. Não dou a mínima para identidade; não a vejo estática, mas lente que captura, junto com classe, as relações de poder. Um exercício: veja quantas mulheres escrevem no caderno de política na imprensa (na Folha, uma) e quantas estão no Congresso (15%). Há outras vozes em sua sala vip, não iremos a lugar algum.
A história do sufrágio tem inúmeros exemplos. Cartaz de 1912 mostra uma mulher com uma máscara onde se lê: "A única forma de fazer uma mulher segurar a língua" (vide Mcclure). Às mulheres negras ainda pior: "E não sou uma mulher?", discursou Truth em 1851. Douglass tirava a camisa e mostrava as marcas da escravidão. Muito emotivo? Vide, aliás, Nussbaum sobre emoções e política.
Quem está preocupado com a perda do universalismo —como Schwartsman e Risério— lembre que, enquanto franceses escreviam que todos eram livres e iguais, escravos haitianos morriam por liberdade em sua esquecida revolução. Faria bem se lesse o que a filosofia hoje tem a falar sobre humanismo (vide Mbembe) e as bibliotecas já escritas, após Mill e Holmes, sobre mercado de ideias (o qual, lá, era para a busca da verdade, não cliques).
Se quereis, eis algo com menos fígado: "sinhás pretas" não existem. Narloch confunde anedota com historiografia. Generaliza a compra de liberdade que era rara (vide Schwartz em "Segredos Internos"); reproduz argumento já desacreditado de suposta benevolência da escravidão, que era usado no século 19 para justificá-la (vide tese na USP de Parron).
Não iremos a lugar nenhum; nem eu nem minha bile.
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