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Jornalista e escritor, é autor de "Carolina, uma Biografia" e do romance "Toda Fúria"

Obras resgatam Lima Barreto e Mário de Andrade para o público infantojuvenil

Jornalista André Augustus Diasz se alia a ilustradores para contar a vida de marcos de nossa literatura

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Dois livros, recentemente publicados, chamaram-me a atenção sobre como a literatura pode ser trabalhada em tópicos e formas diferentes. Neste caso, falo da coleção Black Power, da editora Mostarda. De suas dezenas de livros já editados, sobre personalidades da nossa cultura negra, as biografias dos escritores Lima Barreto e Mário de Andrade, ambas escritas pelo jornalista André Augustus Diasz para o público infantojuvenil, têm um ponto inovador.

Logo de saída, não são livros maçantes, do ponto de vista do seu aspecto literário, ou mesmo cheios de didatismo. Sendo obras voltadas para um seguimento específico do público leitor, ainda em formação, preenchem uma lacuna importante sobre o trabalho de promoção da imagem e do legado deixado por intelectuais negros.

Retrato do escritor Lima Barreto - Reprodução

Para ambos os trabalhos de André Diasz, há um texto básico, norteador da narrativa, que nos guia pela trajetória de vida e da arte escrita desses dois gigantes de nossa literatura.

No primeiro deles, "Lima Barreto", André Diasz traça, em textos curtos, os passos do homem que teve seu talento reconhecido apenas após a morte, no ano de 1922. Ilustrado impecavelmente pelo artista Jefferson Costa, esta obra se amplia em dimensão, pois no diálogo entre textos e desenhos é que se compõe o conjunto que faz entender melhor a trajetória do biografado e viajar, numa leitura linear, pelo universo criativo e de época do consagrado autor de "Triste fim de Policarpo Quaresma", hoje um dos clássicos de nossas letras.

O "Lima Barreto", o primeiro livro publicado por André Diasz é, em termos literários, mais completo do que o seu segundo, lançado neste ano. Naquele, ele trabalha para além da narração da história do escritor carioca, compondo uma linha do tempo que vai de 1881, no dia 13 de maio, quando o escritor nasceu, a 1950, quando Lima é resgatado do esquecimento e seus livros são reconhecidos como muito importantes para o país

Fechando esta parte, mais dois apêndices: um sobre as "obras imperdíveis de Lima Barreto", mas relacionando somente os seus romances e, por fim, um quadro denominado "para ver, ouvir e ler mais", com dicas de filmes, documentário, espetáculo teatral, como o "Traga a cabeça de Lima Barreto", monólogo de palco encenado pelo ator Hilton Cobra, o Cobrinha.

O segundo livro, "Mário de Andrade", já não traz essas boas referências bibliográficas sobre o autor de "Macunaíma", mentor do movimento modernista, como linha do tempo e apêndice, que seriam muito úteis, em especial se tratando do público a que se destina, que ainda está formando o gosto pela leitura.

A obra, cuja escrita é bem elaborada, assim como a do primeiro, ganha muito com a ilustração de Hugo Canuto. Em termos ilustrativos, André Diasz teve a felicidade de encontrar dois artistas que entenderam exatamente o processo de desenhar, e de como o desenho também funciona como condutor de uma história, se unindo, de forma impecável, ao texto escrito e proposto na mensagem.

Além da riqueza de suas narrativas, os detalhes referenciais sobre a vida dos autores abordados e o período em que viveram, o biógrafo André Diasz, se esmerando em excelente contador de histórias, detalha no seu trabalho pormenores do percurso de cada um e destaca, em panorama, as suas obras, desde os primeiros voos, até a derradeira.

O que se pode dizer, diante da leitura dos seus livros e acerto dos personagens escolhidos, é que André Diasz acertou a mão – como alguém que encontra o seu percurso criativo.

Escrever livros voltados para o público infantojuvenil é um desafio grande demais. Mas André Diasz cumpre, com paciência, talento e muito inspiração, o seu papel como escritor e biógrafo.

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