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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Busca da perfeição pelos atletas de alto nível me lembra 'O Mito de Sísifo'

Obra do genial Camus conta a absurda tarefa humana, em que uma pessoa tenta carregar uma pedra até o pico de uma montanha, sem conseguir

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A excepcional ginasta Simone Biles, ao desistir das competições por equipes e das finais individuais, nas quais era favorita, conseguiu sua grande vitória no esporte.

Ela expôs, com sobriedade, clareza e coragem, suas fraquezas, ao dizer que não suportava mais a pressão para ganhar a medalha de ouro e que já estava assim há vários anos.

Além do sofrimento emocional, Simone falou que a queda no salto, durante as eliminatórias, foi resultante da falta de simetria entre a mente e o corpo. Simone humanizou as Olimpíadas.

A decisão da ginasta abre um importante debate sobre os problemas emocionais dos atletas de alto rendimento. Muitos já falaram das mesmas dificuldades. Outros suportaram em silêncio.

O fato é também importante para enfatizar a necessidade da presença rotineira de profissionais de psicologia no acompanhamento de atletas.

Os campeões, com prazer e, às vezes, sofrimento mental, buscam a perfeição, que não existe. Quanto mais o atleta treina, mais brilha, mais evolui e mais ele tenta chegar a um limite técnico inalcançável.

Simone Biles durante a disputa eliminatória da ginástica - Loic Venance/AFP

Isso me lembra do “O Mito de Sísifo”, obra do genial Albert Camus, que conta a absurda tarefa humana, em que uma pessoa tenta carregar uma enorme pedra até o pico de uma montanha, sem conseguir. A pedra volta, e ele tenta, ininterruptamente, o impossível, até a eternidade.

Correr e sonhar

Era a véspera da disputa pela medalha de ouro na prova de maratona entre mulheres. Joana era a esperança brasileira. Antes de dormir, lembrou-se de sua infância pobre no interior. Era conhecida como a menina que corria. Na adolescência, Joana foi para a capital, onde começou a treinar. Ganhou várias competições e chegou à Olimpíada de Tóquio.

Joana demorou para dormir. Adormeceu e sonhou que, na hora da largada, seus pés estavam colados ao chão. Não saía do lugar. Foi eliminada. Acordou aliviada e percebeu que era um sonho. Pensou que deveria ser o medo de fracassar. Sentiu-se mais forte e mais resistente. Correu como nunca e ganhou, com facilidade, a medalha de ouro.

Após a comemoração, junto com outros atletas, Joana foi para o quarto, telefonou para os familiares, chorou abraçada à medalha, dormiu e sonhou com o ouro em Paris, em 2024. Depois disso, poderia parar de correr e fazer outras coisas que sonhava. A vida continuava.

Brasil eliminado

Em um jogo extremamente equilibrado, como se esperava, com poucas chances de gol para os dois lados, a seleção brasileira feminina foi eliminada pelo Canadá, nos pênaltis, após 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. O time brasileiro foi muito bem na defesa, com disciplinadas duas linhas de quatro, além de ter duas ótimas zagueiras, Érika e Rafaelle.

Faltou repertório ofensivo, com Marta, como em todos os outros jogos, atuando pelo lado, com função também de marcar. Era impossível Marta atuar de uma intermediária à outra.

Fracasso

Além do desastre financeiro, devido à absurda administração anterior, continua o fracasso técnico do Cruzeiro, que começou com a diretoria que saiu e se manteve com a atual.

Mesmo com tantas dívidas e sem dinheiro, o clube e os últimos treinadores e comissões técnicas não tiveram competência para formar um bom time para a Série B. O grande perigo é ir para a Terceira Divisão, o que dificultaria ainda mais a solução dos graves problemas financeiros. O Cruzeiro tem de reagir.

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