Derrota nos Jogos de Tóquio deve encerrar geração de Marta e Formiga na seleção

Dupla conquistou duas medalhas de prata pelo Brasil, mas não conseguiu título de expressão

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Miyagi

O futebol feminino deu adeus ao Japão nesta sexta-feira (30), o que deve colocar um ponto final em um longo ciclo da seleção brasileira e forçar a renovação da equipe. A derrota deixa a marca de pior participação do país em Olimpíadas, igualando o desempenho de Londres-2012.

O time comandado por Pia Sundhage perdeu para o Canadá nos pênaltis (4 a 3), após empate em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, em Miyagi, a 350 km de Tóquio, e foi eliminada nas quartas de final dos Jogos, o que só tinha ocorrido uma vez até então.

Maior jogadora de todos os tempos, Marta, 35, despediu-se dizendo não poder falar sobre o futuro. O ouro olímpico era o sonho desta geração, que tem Formiga, 43, como uma das principais expoentes.

Medalhistas de prata em Atenas-2004 e Pequim-2008, as principais conquistas da seleção feminina, ambas as jogadoras foram responsáveis por projetar o futebol feminino como nunca antes. Cristiane, 36, também é outro ícone do período, mas ficou fora da convocação para Tóquio.

Assim, a falta de um título de maior expressão impede um final à altura do futebol e do empenho mostrado por elas ao longo do período à frente da seleção. “Me dirigi à Formiga e disse que gostaria de, mais uma vez, viver a emoção de lutar por uma medalha com ela", disse Marta após a partida, à TV Globo.

"Mas agradeço demais por tudo o que ela fez pela nossa seleção, uma vida dedicada a esse esporte. E espero que todos possam enxergar da mesma maneira. Uma pessoa que é inspiração para todas essas meninas que temos na seleção. E que poderia ter tido um final um pouquinho mais feliz.”

Dentro de uma roda no meio do campo após os pênaltis, a camisa 10 fez discurso inflamado para as companheiras, que choravam. Em entrevista, afirmou não ter condições de responder o que virá daqui para frente. “Não sei, não posso te dar essa resposta agora, estou com a cabeça a mil, vou deixar para depois. Não dá para dizer no momento, estou muito emocionada”, disse ela antes de deixar o gramado

“Peço para as pessoas não apontarem o dedo para ninguém. Se tiver que apontar para alguém, apontem para mim, já estou acostumada.”

Marta durante jogo do Brasil contra o Canadá pelos Jogos Olímpicos de Tóquio
Marta durante jogo do Brasil contra o Canadá pelos Jogos Olímpicos de Tóquio - Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Nas penalidades, Andressa Alves e Rafaelle erraram suas cobranças, e a goleira Bárbara ainda fez uma defesa. A seleção brasileira terminou a campanha no Japão com duas vitórias, sobre China e Zâmbia, um empate, contra a Holanda, e a derrota nos pênaltis para o Canadá.

Se o fracasso foi maior do que o esperado em campo, a equipe deixa Tóquio em um outro patamar. Carente de investimentos e espaço na maior parte de sua história, a modalidade conseguiu nos últimos anos conquistas que fazem o time voltar para casa com mais certezas do que dúvidas.

Pia, que tem contrato até 2024, continuará o trabalho à frente da equipe tendo a renovação como principal desafio –das 22 convocadas, 14 estiveram na Rio-2016 (63%). “Fizemos o que estava ao nosso alcance. Não faltou nada, o que faltou foi a bola entrar”, disse Marta. “E agora é pensar no futuro. Continuar apoiando as nossas meninas, apoiando a modalidade, porque o futebol feminino não acaba aqui."

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