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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Existe uma inversão no aprendizado esportivo

Crianças precisam se divertir com a bola antes de aprender técnica e regras

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Na quinta-feira, dia 25, aniversário de São Paulo, que fará 470 anos, haverá a final da Copinha entre Cruzeiro e Corinthians. Seria aniversário de Tom Jobim, um dos maiores craques da história da música brasileira. É também aniversário de um grande número de cidadãos brasileiros, como este colunista, um idoso de 77 anos, racional, sonhador e independente.

Quero ver ainda a seleção brasileira ganhar mais uma Copa do Mundo e o Cruzeiro ser campeão do Brasileirão, da Libertadores ou da Copa do Brasil. Quero ver ainda o Brasil melhor, trocar muitas benesses, subsídios, fortunas em emendas parlamentares e fundos eleitorais por uma ação mais rápida e eficiente para diminuir os graves problemas sociais, como a violência, a má educação e a falta de saneamento básico e de água potável em quase metade das residências brasileiras, uma vergonha.

Continua o pré-olímpico que classificará duas seleções sul-americanas para as Olimpíadas. A dupla de atacantes formada por Endrick, do Palmeiras, já contratado pelo Real Madrid, e John Kennedy, do Fluminense, é uma grande promessa para o Mundial de 2026. Quem sabe surja outro Vinicius Junior, que una muito talento, alegria e uma firme crítica ao racismo.

Endrick, em treinamento da seleção brasileira sub-23 - Leto Ribas/CBF

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que os clubes que tiverem torcedores com atitudes racistas durante o jogo deveriam ser automaticamente derrotados. Acho uma decisão fora da realidade. Não há como os clubes controlarem os torcedores. Não acredito também que isso diminuirá a criminalidade. Penso que seria mais correto o árbitro cancelar a partida quando houver insistência em atitudes racistas. É um assunto que necessita ser mais bem discutido.

A formação dos jogadores precisa ser melhorada. Não basta os técnicos terem grandes conhecimentos científicos. É preciso ajudar os atletas em seus problemas emocionais e incentivá-los a ser mais criativos. O conhecimento vai muito além da informação, e a sabedoria, muito além do conhecimento. O ótimo professor é o que ensina o aluno a aprender sozinho.

Existe hoje, muitas vezes, uma inversão no aprendizado. As crianças necessitam se divertir com a bola, desenvolver habilidade e a fantasia, para depois aprender a técnica, o conjunto e as regras do jogo. Há uma tendência de acelerar o aprendizado antes que os garotos tenham condições psicomotoras adequadas para adquirir certas habilidades.

A fantasia deve ser incentivada na formação esportiva - Leon Rodrigues/SECO

Quando comecei a jogar no juvenil do América-MG, com 14 anos, o técnico Biju me chamou e disse: ‘Treine bastante com os outros, mas não se esqueça de praticar sozinho, de fazer coisas diferentes, de desenvolver o que você gosta’. Cada um faz do seu jeito. Tive bastante ajuda do meu companheiro de ataque, o ótimo centroavante Paulo Kleber, alguns anos mais velho do que eu, que é também médico, mestre. Moramos no mesmo bairro e com frequência batemos um papo sobre futebol e medicina.

Nas escolas públicas, que deveriam ser em tempo integral, como sonhavam Brizola e Darcy Ribeiro, os garotos teriam aulas de esporte, educação física, aprendizados didáticos e artísticos e ensino sobre convivência social. A consciência é coletiva. A ex-atleta Ana Moser mostrava essas preocupações em todas suas entrevistas. Ela sonhava em formar cidadãos, antes de serem profissionais. Não entendi a razão de ela, nomeada ministra do Esporte, ter sido trocada em tão pouco tempo. É a força do centrão.

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