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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Futebol brasileiro precisa de assistência psicológica constante

Há décadas se fala sobre uma liga forte, mas nada acontece

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O Brasil perdeu para a Argentina por 1 x 0 e está fora da Olimpíada de Paris. Argentina e Paraguai se classificaram. O time brasileiro jogou muito mal todas as partidas. Deixou enormes espaços entre os setores, trocou pouquíssimos passes e não pressionava para recuperar a bola, deficiências comuns nos times brasileiros.

Essa derrota é mais um capítulo na sequência de vários fracassos após a Copa de 2002. O Brasil não conseguiu chegar à final nos últimos cinco Mundiais, perdeu as três últimas partidas para a Argentina e está muito mal nas Eliminatórias após as derrotas para Uruguai, Colômbia e Argentina.

Além das dificuldades individuais e coletivas, o Brasil passa por problemas administrativos, com as trapalhadas do presidente da CBF na escolha do treinador da seleção.

Endrick e Di Cesare na partida Argentina 1 x 0 Brasil, em Caracas (Venezuela) - Marcos Salgado/Xinhua

Vemos uma tendência na América do Sul e em todo o mundo de diminuição da diferença técnica entre as seleções. Um dos motivos é que melhorou a formação de bons jogadores em todos os continentes. Entre clubes é diferente, por causa dos enormes investimentos dos principais clubes brasileiros em relação aos rivais da América e dos europeus sobre os outros países, incluindo o Brasil.

Escrevi, um milhão de vezes e alguns não compreendem, que o Brasil continua formando um número enorme de excelentes jogadores, que estão espalhados pelo país e pelo mundo, mas faltam jogadores especiais em várias posições; nas laterais, no meio campo e na função de centroavante. Vinicius Junior é o único jogador brasileiro presente na lista de melhores do mundo. Ele está cada dia melhor, porém é mais brilhante no Real Madrid do que na seleção por ter mais craques ao seu lado e por ser mais bem orientado.

O experiente Ancelotti não para de se reinventar. Quando saiu Benzema, o treinador formou uma dupla de atacantes com Vini e Rodrygo pelo meio, fora de suas posições, além do excepcional meio-campista Bellingham que chegava de trás. Rodrygo e Vini não participavam da marcação. Deu certo e ficou ainda melhor com as mudanças feitas na goleada sobre o Girona no último fim de semana.

Jude Bellingham na partida Real Madrid 4 x 0 Girona - Gustavo Valiente/Xinhua

O Real não tinha na prancheta um único atacante. Vini e Rodrygo voltavam pelo lado para marcar e Bellinghan ficava livre à frente do meio campo, sem ser um centroavante. Quando o Real recuperava a bola, em uma fração de segundos o trio estava perto da área realizando belíssimas jogadas e gols.

Rodrygo (esq.) e Vini Jr. comemoram gol contra o Girona - Isabel Infantes/Reuters

Neste período pós-2002, de muitas derrotas da seleção, um dos problemas do futebol brasileiro pode ser uma perda da confiança, um sentimento negativo que se espalhou pelo inconsciente coletivo dos atletas, por não suportarem a pressão, a responsabilidade de manter o enorme prestígio do nosso futebol adquirido ao longo do tempo, ainda mais no momento em que não somos mais o melhor. Estamos entre os melhores.

Independentemente da minha análise, é necessário que o futebol brasileiro, em todas as categorias, nas masculinas e femininas, tenha uma assistência psicológica constante.

O futebol brasileiro, a CBF, os clubes, os governos, os políticos precisam trocar as ações isoladas, mesmo quando são positivas, por condutas transformadoras, abrangentes, estruturais, definitivas, para valer.

Há décadas ouço que os campeonatos estaduais são longos, que é fundamental fazer uma liga forte para comandar o Brasileirão, como em outros países, que o Brasil possui gravíssimos problemas sociais e quase metade da população não tem saneamento básico.

Mesmo assim, nada acontece, apenas conversa fiada. Ainda bem que existe o Carnaval.

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