Siga a folha

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Ter a bola é essencial, mas, obviamente, não o bastante

Não ficar com a bola no meio campo foi a deficiência principal da seleção na Copa América

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Nos melhores jogos do Brasileirão ou da Copa do Brasil, o Botafogo está quase sempre presente. No sábado, veremos outro jogaço entre o líder Fortaleza e o vice Botafogo, pelo Brasileirão. São dois times que priorizam as jogadas rápidas em direção ao gol.

O Fortaleza tem mais pausas que o Botafogo, algumas vezes descansa com a bola. O Botafogo não para de correr. O Fortaleza é a equipe que mais jogou durante o ano e a que melhor alterna jogadores, diferentemente de outros clubes brasileiros, que muitas vezes escalam todos os reservas.

Botafoguenses comemoram classificação sobre o Palmeiras na Libertadores - AFP

Nesta quarta (28), Bahia e Flamengo se enfrentam no Maracanã pela Copa do Brasil. São dois times com muita qualidade no meio campo. Gostei da convocação de Gerson para a seleção. Por ter jogado em várias posições do ataque e se destacado pela habilidade e bons passes, ele trouxe para o meio campo essas qualidades e se adaptou às necessidades do setor, de marcação e de capacidade para atuar de uma intermediária à outra.

Dorival Júnior deveria experimentar outra formação no meio campo e escalar um trio com um volante mais centralizado (Bruno Guimarães ou André) e um meio-campista de cada lado (Gerson e Paquetá), em vez da formação habitual, que foi usada na Copa América, com dois volantes em linha e mais Paquetá entre os dois e o ataque.

Nessa nova estratégia, a equipe teria três jogadores marcando no meio campo e dois dos três avançando (Paquetá e Gerson). Na formação anterior, o time se defendeu com apenas dois no meio campo e avançou apenas com o meia ofensivo (Paquetá).

Na formação com apenas dois jogadores no meio campo, é essencial ter pontas que voltam para marcar. Na Copa América, como Vinicius Junior estava sempre no ataque, sem voltar para marcar pela esquerda, o lateral ficava desprotegido, o que obrigava um dos volantes a se deslocar para o lado, deixando grandes espaços pelo centro. Uruguai e Colômbia pressionavam na marcação e tomavam a bola com facilidade dos dois volantes e dos dois laterais.

Não ficar com a bola no meio campo foi a deficiência principal da seleção. Gerson e Paquetá, por serem mais hábeis, podem diminuir esse problema, ainda mais com a companhia de um volante mais centralizado.

A grande dúvida é se Gerson vai ter na seleção o mesmo destaque que possui no Flamengo. Inúmeros jogadores, desde a década de 60, que brilhavam nos clubes, não foram bem na seleção por variados fatores, como a comparação com outros jogadores, por não se sentirem à vontade e muitas outras razões que fogem à nossa compreensão.

Gerson e Gabriel Pires em partida no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro - Reuters

Assim como a seleção, vários clubes brasileiros têm dificuldade em manter a bola no meio campo. Com isso, usam demais as bolas longas da defesa para o ataque, como ocorre com o Atlético-MG. A equipe joga com dois alas abertos, dois atacantes pelo centro e mais um meia ofensivo e deixa apenas um ou dois jogadores no meio campo, que não conseguem ficar com a bola.

Também nesta quarta, o Atlético-MG enfrenta o São Paulo, no Morumbis, pela Copa do Brasil. O São Paulo melhorou a qualidade individual com boas contratações e também o jogo coletivo após a chegada do novo técnico (Zubeldía). A equipe alterna velocidade com posse de bola e troca de passes no meio campo.

Ter a bola é essencial, o básico para qualquer equipe. Obviamente não é o bastante. É necessário ter talento individual e capacidade de, no mesmo jogo, alternar a troca de passes, a posse da bola com jogadas rápidas em direção ao gol. Essa é a tendência mundial.

Ter ou não ter a bola, eis a questão.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas