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Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

Descrição de chapéu indígenas

2023 é um dos anos com mais mortes por suicídio entre os guaranis

Os povos indígenas se matam três vezes mais do que o restante da população do país

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Mais um jovem guarani cometeu suicídio. Seu irmão já havia tirado a própria vida também neste ano. Para os guaranis, este foi um dos anos com maiores mortes por suicídio.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que de cada 100 mortes registradas por ano uma seja fruto de suicídio, o que totaliza um montante de 700 mil casos de morte por esta causa no mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, as taxas relativas à juventude cresceram nos últimos anos.

Os povos indígenas se matam três vezes mais do que o restante da população do país, e a taxa é maior entre os jovens. O relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), revela que, no ano de 2022, de cada três indígenas que tiraram a própria vida, um tinha no máximo 19 anos.

Indígenas guaranis fazem ato contra o projeto do marco temporal no parque Jaraguá, em São Paulo - Felipe Iruatã - 4.jun.23/Folhapress

Nossos jovens estão sofrendo, sendo violentados e sem perspectivas. A saúde mental e o suicídio são questões complexas que perpassam por vários fatores como aspectos biológicos, psicológicos, históricos e culturais. Entre eles afetam particularmente os povos originários as causas estruturais da injustiça social no país: a alta concentração de terras em grandes latifúndios e o racismo sistêmico.

Às vésperas do Natal, o povo avá-guarani, que vive na região de Guaíra, foi atacado com armas de fogo e teve seus animais torturados. Os ataques aconteceram nos dias 23 e 24 de dezembro, na região do território Tekoha Guasu Guavirá, ainda não demarcado e reivindicado há anos pelos guaranis que vivem no oeste do Paraná, perto da fronteira com o Paraguai.

Em maio, uma comitiva com lideranças avá-guarani entregou à subsecretária-geral da ONU, Alice Wairimu Nderitu, uma carta sobre a situação do povo.

"A desassistência, fome e desesperança que agudizou durante a pandemia afetou principalmente os jovens, provocando uma onda de suicídios com 16 vítimas fatais e mais de 25 tentativas registradas, apenas nos anos de 2021 e 2022", diz o documento.

O racismo, a exclusão, a falta de acesso a políticas públicas, o assassinato de lideranças e a violência contra a vida e os territórios reverberam na saúde mental das comunidades indígenas.

Frantz Fanon nos alerta que no colonialismo o colonizado é colocado abaixo da linha da humanidade, estando aquém do "pacto social" que instaura a "dominação legítima", por isso o genocídio e violência contra comunidades indígenas não causa comoção. Encarar o sofrimento dos povos indígenas, principalmente dos jovens, é uma tarefa urgente e deve ser tratada com seriedade e imediatamente. Nossos jovens e crianças são o que temos de mais precioso, protegê-los é o nosso dever.

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