Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

Ailton Krenak, filósofo e poeta da floresta

Ele refloresta mentes e corações ao nos apresentar ideias para adiar o fim do mundo

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Ailton Krenak se torna o primeiro indígena a ingressar na Academia Brasileira de Letras.


Filósofo, poeta da floresta e um eterno sonhador, vem reflorestando mentes e corações ao nos apresentar ideias para adiar o fim do mundo. Esteve à frente de ações na União das Nações Indígenas (UNI) e protagonizou um dos momentos mais marcantes na luta dos povos originários do Brasil ao pintar seu rosto com tinta de jenipapo enquanto discursava na Constituinte de 1988, no Congresso.

Hoje um dos escritores brasileiros mais reconhecidos mundialmente, com suas obras traduzidas em 13 países, não tem o hábito de escrever. Conhecedor de sua cultura, perpetua e transmite seus conhecimentos e sabedoria de forma oral, como é na tradição indígena, na qual a palavra tem muito poder.

Como o líder Davi Kopenawa, que escreveu "A Queda do Céu" para que o não indígena pudesse conhecer o pensamento yanomami, Krenak apresenta ao mundo que ou o futuro é ancestral ou não é futuro.

Aílton Krenak e Davi Kopenawa durante celebração pelos 30 anos da Terra Indígena Yanomami, na aldeia Xihopi, no Estado do Amazonas - Christian Braga/ISA

A nomeação de Ailton para a ABL é uma conquista de todo o povo indígena, pois a literatura indígena e o reconhecimento dos nossos pensadores é essencial no processo de construção do que é conhecimento e intelectualidade e na própria forma de educar, em um mundo onde ainda tudo o que é branco é universal e tudo o que é indígena e negro tem uma marcação.

O próprio nos apresenta isso em uma fala sua feita em SC, em junho deste ano: "É importante que esse pensamento dos indígenas possa estar presente no nosso pensamento plural. Pensar o país com diversidade cultural".

Nosso país tem muito pouco conhecimento sobre seus povos originários e suas formas de ser e estar neste mundo, e essa invisibilidade aconteceu de forma proposital, como forma de apagamento histórico dessa população que já estava aqui. Fomos dizimados e somamos apenas 1% da população.

A ausência de narrativas plurais formou o país que temos hoje, que trata os povos indígenas de forma racista dentro das universidades e instituições de ensino e não valoriza suas cosmovisões, filosofias e ciências. A jornalista Catarina de Angola disse que "a história oficial do Brasil é a da desinformação", que tem reflexos, como ser altamente suscetível a espalhar fake news e distorcer histórias, com desastrosos impactos em nossas vidas.

Vimos as inverdades ditas dentro do Congresso sobre o marco temporal e a demarcação de terras indígenas, uma tentativa de colocar a sociedade contra os povos indígenas e nos colocando mais uma vez como uma barreira ao desenvolvimento.

Somos barreira, sim, mas contra a destruição de nossas vidas, das florestas e do planeta.

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