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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Isolamento e perda de renda elevaram produção e uso de alimentos de menor custo, mostra IBGE

Produção de ovos teve o maior crescimento entre as proteínas, e o valor da produção de feijão subiu 44% em 2020

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O ano de 2020 foi um bom impulso para o agronegócio brasileiro, dando rentabilidade a toda a cadeia, em todos os estados. Demanda forte e preços elevados dos produtos garantiram renda no campo.

É o que mostram os dados da PAM (Produção Agrícola Municipal) e da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), referentes a 2020, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O setor foi embalado por bons preços, como mostram os números da PAM do IBGE. A área de plantio somou 83,4 milhões de hectares, com crescimento de apenas 2,7% em relação a 2019. A produção de grãos foi de 255,4 milhões, com alta de 5%.

Essas variações, contudo, ficaram bem distantes do valor da produção agrícola, que subiu 30,4% no período, atingindo R$ 471 bilhões.

Produção de soja irrigada em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia - Raul Spinassé - 5.dez.2019/Folhapress

O isolamento social, provocado pela pandemia, e a perda de renda dos consumidores promoveram uma corrida a produtos mais acessíveis ao bolso da população, garantindo uma maior produção.

O principal aumento na cadeia das proteínas ocorreu no setor de ovos. O IBGE registrou uma produção de 4,8 bilhões de dúzias em 2020, uma evolução de 3,5% em relação a 2019.

O recorde nas exportações e a consequente elevação dos preços internos das carnes levaram boa parte da população a colocar mais ovos na alimentação.

E essa tendência continua, uma vez que o consumo médio de 251 unidades por pessoa, em 2020, deverá subir para 262 no próximo ano, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

O IBGE aponta que o isolamento social provocou mudanças também na cadeia de arroz e de feijão. Estocagem maior de produto, alta do consumo e redução da oferta interna, devido às exportações, principalmente no caso do arroz, forçaram os preços para cima.

Com o aumento de preço, o feijão ganhou importância na lista dos produtos nacionais, e o seu valor de produção aumentou para R$ 10,8 bilhões no ano passado, 44% acima do registrado em 2019.

Com isso, o valor da produção da leguminosa se igualou ao da laranja e da mandioca, ficando mais perto do obtido pelo arroz, que foi de R$ 11,6 bilhões.

Os dados da PPM mostram crescimento de toda a pecuária, com faturamento bem melhor para o produtor. O rebanho de bovinos subiu para 218 milhões de cabeças, impulsionado por um crescimento de 5,5% na região Norte. No Centro-Oeste, onde existe o maior rebanho, a evolução foi de 1,5%.

O número de galináceos (galos, galinhas, frangos etc.) teve alta de 1,5% no ano passado, somando 1,5 bilhão de aves. Pelo menos 47% delas estavam em granjas do Sul do país no final do ano passado, período do fechamento dos dados da pesquisa do IBGE.

A suinocultura, incentivada pelas importações chinesas, elevou o número de suínos para 41 milhões de cabeças, com evolução de 1,4% no ano.

Já a produção de leite, no embalo dos bons preços, atingiu o recorde de 35,4 bilhões de litros no ano passado. Os preços médios do setor subiram 29% no campo.

A produção brasileira de grãos, devido às demandas interna e externa, se concentrou muito em soja e milho. Este, atingiu R$ 74 bilhões no valor de produção, ganhando espaço em relação à cana-de-açúcar.
Já a soja, líder no campo, teve um valor de produção de R$ 169 bilhões, 35% maior do que o do ano anterior. Os dez principais produtos nacionais ficaram com 86% do valor total da produção brasileira de grãos em 2020.

Soja, milho e algodão movimentaram cidades pelo interior do país. Sorriso (MT) teve um valor de produção agrícola de R$ 5,3 bilhões no ano passado, 35,5% a mais do que em 2019.

São Desidério (BA) e Sapezal (MT) acumularam receitas próximas de R$ 4,5 bilhões com algodão, soja e milho.

Na pecuária, a maior concentração do rebanho bovino ocorreu em São Félix do Xingu (PA), que tem 2,4 milhões de bovinos.

As cidades paranaenses de Castro e de Carambeí tiveram um ritmo intenso na produção de leite, movimentando 590 milhões de litros no ano passado.

Os dados da PAM e da PPM mostraram também que o Paraná promove uma boa diversificação na sua cadeia de agronegócio.

Há uma década, o estado perdia a liderança nacional na produção de grãos para Mato Grosso. A amplidão geográfica do estado localizado na região Centro-Oeste faz com que a produção atual de grãos dele seja o dobro da do Paraná.

Nas últimas décadas, os paranaenses perderam espaço na produção nacional de café, algodão, milho e soja. Ganharam, porém, uma diversificação de atividades que será muito importante para o avanço do agronegócio do estado.

Alguns municípios paranaenses passaram a ser líderes em setores que começam a dar uma expressão maior ao agronegócio, como leite, suinocultura, piscicultura, além da já tradicional liderança em trigo, mel e bicho-da-seda.

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