A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.
O setor produtivo de grãos vai bem, mas o econômico não
Inflação global tende a penalizar consumo mundial de produtos agropecuários, segundo diretor da Conab
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O governo reavaliou a expectativa da safra de grãos para o período 2021/22, e o Brasil deverá produzir 290 milhões de toneladas, conforme dados divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nesta quinta-feira (11).
Se confirmado, esse volume superará em 37 milhões o da safra anterior, um período que foi marcado por forte redução da produção, devido a uma séria crise climática.
"A safra brasileira de grãos nos leva a uma certa tranquilidade dentro de um ambiente incerto. Dia após dia, os números do Brasil ajudam a diminuir a tensão do mercado em relação ao futuro", diz Sergio De Zen, diretor da Conab.
O mercado vive uma insegurança do ponto de vista econômico, mas do lado produtivo as expectativas para o setor são boas, afirma ele.
Há uma inflação global e, em algum momento, o consumo será penalizado. Esse nível inflacionário acima do normal é delicado porque gera incertezas nos investimentos e pressão nos custos.
No ambiente externo, as economias se recuperam em níveis diferentes, e os setores dentro das economias também. Isso leva a desencontros entre a disposição de recursos, muito enfatizada nas políticas de apoio durante a pandemia, e a demanda.
Está havendo um certo alívio nos preços dos alimentos, mas outros setores sofrem pressão, como ocorre com o energético.
Esses desacertos na economia podem gerar uma demanda menor por produtos agropecuários. A queda na procura por proteínas, por exemplo, acaba afetando o consumo de grãos. Já uma demanda menor por vestuário reduziria a procura por algodão, explica o diretor.
Ou seja, todo o mercado agrícola está exposto a essa incerteza. "Dessa forma, é preciso muito cuidado na interpretação dos dados e no otimismo que estamos tendo", diz.
Olhando para os dados de produção do Brasil, o país acaba de sair de uma safra extremamente difícil, afetada por todos os ingredientes possíveis de uma safra ruim e de baixa produtividade.
Nesta safra de 2021/22, porém, o país entra em um período que, aparentemente, caminha sem problemas.
Segundo De Zen, o plantio de verão vai indo bem, o que permite a semeadura do milho safrinha também em um período ideal, ao contrário do que ocorreu neste ano. "Estamos plantando bem e um acerto do cronograma entre soja e milho resultará em maior produtividade."
O diretor alerta, no entanto, que a safra está no início, e que ainda há um longo período até a colheita. Já as incertezas do ponto de vista econômico persistem, e devem continuar por um ou dois anos.
Os produtores de grãos sentem os reflexos da elevação dos custos, mas boa parte da produção de soja e milho já foi comercializada.
Outros segmentos dessa cadeia, como a produção de frango, suínos e bovinos, não têm esse sistema de trava. A oscilação da rentabilidade deles afetará os preços, a demanda por grãos e as expectativas futuras.
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