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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Descrição de chapéu alimentação

Preços têm forte queda no campo e pressionam menos no varejo

Para produtor, queda já afeta rentabilidade de vários produtos

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Os preços estão com forte queda no campo e voltam para patamares próximos aos da pré-pandemia. A queda se reflete no bolso do consumidor, uma vez que os alimentos têm a maior retração de preço nos supermercados em quatro anos.

No início de agosto, a desaceleração no varejo apontava para uma retração de até 1,4% no mês. Essa taxa não se concretizou, e a queda foi de 1%, repetindo julho, conforme dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) desta segunda-feira (4).

Pressão menor dos preços internacionais, após uma recomposição mundial de estoques, uma adequação do setor ao cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia e safras recordes no Brasil estão levando a essa queda.

O maior reflexo dessa situação recai sobre o mercado de boi, cuja arroba registrou perda de 18% em agosto. A arroba recuou para valores inferiores a R$ 200 pela primeira vez desde maio de 2020, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Em março de 2022, estava em R$ 350.

A acentuada retração dos preços da carne bovina no campo deverá provocar novas quedas no mercado varejista nos próximos meses. De janeiro a agosto, os preços médios da carne bovina já indicaram retração de 12% para o consumidor. O contrafilé ficou 17% mais barato, e a picanha, 11%, segundo a Fipe.

Gado em fazenda no Mato Grosso - Gabriel Cabral/Folhapress

O mercado externo influencia essa redução interna de preços. As exportações de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada caíram 9% no mês passado, em relação às de agosto de 2022, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Os preços médios da tonelada exportada baixaram 26% no mesmo período.

As demais proteínas também estão favoráveis ao consumidor. O setor de aves conseguiu elevar as exportações para 416 mil toneladas em agosto, mas os preços médios praticados no mercado internacional foram 13% inferiores aos de agosto de 2022.

Já as exportações de carne suína recuaram 6% no mês passado, mas os preços externos se mantiveram estáveis. Internamente, o quilo da carne de porco voltou para R$ 6 no estado de São Paulo, um valor, porém, bem abaixo dos R$ 9 de outubro de 2020. Naquele período, havia uma pressão maior das compras chinesas e os custos de produção eram mais elevados.

Na contramão das quedas, o arroz tem um cenário completamente diferente. Os preços externos, com restrições na produção e na exportação de grandes fornecedores, ficaram atrativos para as exportações brasileiras.

Como a produção nacional vem caindo seguidamente, a pressão externa dos preços está sendo repassada para o mercado interno. A saca de arroz retornou para valores próximos a R$ 100 no campo, o que não ocorria desde 2020.

Plantação de arroz na cidade de Rio do Oeste (SC) - Eduardo Knapp/Folhapress

Estoques internos reduzidos e demanda externa aquecida deverão elevar ainda mais os preços do cereal no período de pico da entressafra, que ocorre no final deste ano e no início do próximo. Os preços do arroz já acumulam alta de 7% neste ano. O alívio para o consumidor vem dos preços do feijão, que têm queda acumulada de 14% neste ano, segundo a Fipe.

A soja, que chegou a R$ 200 a saca no Paraná em junho de 2022, esteve em R$ 142 no final de agosto, segundo o Cepea. A retração nos preços da oleaginosa permitiu uma queda de 31% nos preços do óleo de soja de janeiro a agosto. De janeiro de 2019 ao final de 2022, no entanto, o produto havia subido 166%.

O cafezinho também deve ficar mais em conta para o consumidor. A saca de café arábica, que saiu de R$ 600, em janeiro de 2021, para R$ 1.367, em junho de 2022, esteve em R$ 817 no final de agosto. A alta havia ocorrido devido a geadas no Brasil e à menor oferta. Internamente, a bebida disparou para os consumidores, mas neste ano acumula queda de 8%.

O leite também começa a pesar menos no bolso do consumidor. A oferta interna de produto aumentou, apesar de ser um período de entressafra, e a as importações, devido aos preços externos competitivos, cresceram.

O resultado é uma queda nos preços no campo, segundo o Cepea, e uma retração de 1% em agosto no varejo, segundo a Fipe. Devido à aceleração de preços no ano passado, o leite ainda tem preço acumulado de 6% para o consumidor neste ano.

Do lado do produtor, uma das quedas mais sentidas neste ano é a do milho. A saca, que chegou a R$ 100 em agosto de 2021, após quebra de safra, está em R$ 54 na região de Campinas, devido à produção recorde na safrinha.

Indiretamente, o consumidor é beneficiado pela redução dos preços do milho devido à pressão menor do cereal nos custos de produção das proteínas, transferida para os preços no varejo.

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