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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Preços externos caem, mas volume garante saldo ao agronegócio

Gastos com importações de agrotóxicos recuam 32%; os com leite sobem 81%

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O agronegócio caminha para mais um recorde nas exportações. A redução na queda dos preços médios do setor no mercado externo está sendo compensada pelo aumento do volume exportado.

As receitas com as exportações já superam US$ 125 bilhões neste ano, e, no ritmo atual, deverão ficar acima dos US$ 159 bilhões de 2022. Este será o quinto ano em que as vendas externas do agronegócio atingem receitas superiores a US$ 100 bilhões.

Ao mesmo tempo em que as exportações aumentam, os gastos com as importações têm forte recuo, devido a volumes e preços menores dos insumos. Entre os destaques, estão as importações de agrotóxicos, com queda de 32% no volume de compras externas neste ano.

A soja, o principal item na pauta de exportação do país, mantém o setor aquecido. O preço médio obtido no exterior pela oleaginosa está com queda de 11% neste ano, mas o volume exportado já atingiu 87,3 milhões de toneladas até o mês passado, 24% a mais do que em igual período de 2022.

Caminhão é carregado de grãos de soja em fazenda de Campo Verde (MT) - Gustavo Bonato - 10.jan.2017/Reuters

Com o avanço do volume das exportações, as receitas do chamado complexo soja (grãos, farelo e óleo) deverão atingir o recorde de US$ 67 bilhões neste ano, acima do então maior volume financeiro de US$ 61 bilhões de 2022.

Maiores produção e esmagamento interno de soja vão permitir exportações de 99 milhões de toneladas de grãos e 22 milhões de toneladas de farelo de soja neste ano, segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Em alguns setores, como o de carnes, a queda de preços foi tão intensa que afeta o desempenho da balança comercial. Em abril de 2022, o Brasil exportava a tonelada de carne bovina por US$ 6.961. No mês passado, os preços estiveram em US$ 4.537.

Apesar da redução dos preços, o volume exportado volta a atingir patamar elevado. Em setembro, foram 195 mil toneladas de carne "in natura", um volume próximo ao do recorde de 203 mil de agosto do ano passado, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A balança do agronegócio se mantém sustentada também pelo bom desempenho do açúcar. Ofertas menores em grandes produtores, como Índia e Tailândia, incentivaram os preços externos. Neste ano, o volume exportado pelo Brasil cresceu 13%, mas as receitas subiram 43%.

O milho, com a entrada da China no mercado brasileiro, também registra bom desempenho. A produção brasileira foi recorde, e o país voltou a superar as exportações dos Estados Unidos na safra 22/23. No período 23/24, os brasileiros terão bom patamar de produção, mas os americanos retornam para níveis recordes.

O café, produto que o país é líder mundial em exportações, perde força. A queda de 8% nos preços médios, devido à melhora nos estoques mundiais, reduziu as receitas.

Ao contrário das carnes bovina e de aves, a suína está com valorização de 7%, o que resulta em um aumento de 17% nas receitas externas deste ano.

O arroz também sobe no mercado externo, e tem valorização de 22%. Os preços mais competitivos lá fora incentivam as exportações brasileiras.

Após um 2022 de muitos gastos com importações, a balança comercial do agronegócio tem um alívio com as compras externas. De janeiro a setembro, o país importou um volume 6% menor de fertilizantes do que em igual período de 2022. A queda dos preços internacionais permitiu uma redução de 52% nos gastos.

O mesmo ocorre com os agrotóxicos, que têm queda de 32% tanto no volume como nos gastos neste ano. As compras acumuladas, que somaram 524 mil toneladas de janeiro a setembro do ano passado, recuaram para 359 mil toneladas.

Leite e derivados, porém, são um novo item de peso nas importações brasileiras. Com redução da oferta interna e preços competitivos nos países vizinhos, os gastos brasileiros com esse produto somaram US$ 827 milhões até o mês passado, uma alta de 81%.

Já o trigo, um dos itens de maior peso nas importações brasileiras de cereais, tem queda de 31%. Foi importado 1 milhão de toneladas até setembro, o menor volume para o período em 46 anos, quando teve início essa série de estatísticas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

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