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Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP.

República chega aos 130 cheia de contradições

Pesquisa historiográfica preenche lacunas e questiona entendimentos tradicionais sobre o período

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São Paulo

Os 130 anos da proclamação da República, a completarem-se no próximo dia 15 de novembro, dão vazão a uma onda de publicações que em geral procuram fazer algum tipo de balanço desse longo e acidentado período.

Alterações de regime sempre provocam indagações interessantes, a começar do grau de rompimento com o passado que de fato introduziram.

Do ponto de vista da economia e da sociedade, a maior mudança ocorreu sob o Império e ajudou a acabar com ele. Tratou-se da abolição do trabalho escravo e do início da importação maciça de imigrantes europeus.

Numa das mais notáveis obras sobre o tema, Pedro Carvalho de Mello mostrou como os preços dos cativos embutiam, no início da década de 1880, a expectativa de que a escravidão perdurasse até 1910. Por aí se imagina o choque causado pela avalanche final do abolicionismo.

Nas finanças, a pesquisa de William Summerhill explica como a República lançou ao mar turbulento uma longa trajetória de estabilidade e boa reputação externa que o Brasil havia traçado desde a década de 1820 e que o diferenciava de seus vizinhos latino-americanos.

Mas o país cresceu e reduziu a desvantagem para as nações ricas ainda na Primeira República. Houve relativa descentralização federativa com a Carta de 1891 e, sobretudo nos estados exportadores de café, avanços em educação e bem-estar.

A industrialização, inclusive no setor de máquinas, criou raiz bem mais cedo, já no final do século 19, do que a historiografia costumava admitir. A hipotética antinomia entre manufatura e especialização agroexportadora tem se chocado com achados da investigação empírica, e não só no Brasil.

Jovens historiadores, como o gaúcho Thomas Kang, detectam na verdade uma reiterada relação entre as políticas que, a partir da década de 1930, tentaram empurrar a fórceps a industrialização, de um lado, e o desprestígio do ensino para as massas, do outro. Por que será?
 

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