Coluna assinada por Walter Porto, editor de Livros.
Avon deixará de vender livros em seus catálogos, o que preocupa editoras
Empresa fez do porta a porta importante canal de vendas no começo do século 21 e popularizou best-sellers
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A Avon vai deixar de vender livros por meio de seu catálogo a partir do próximo semestre. Ainda que a importância da marca nas vendas venha caindo nos últimos anos, a notícia não agrada parte do mercado editorial.
Num país em que, segundo o IBGE, apenas 17,7% dos municípios tinham uma livraria em 2018, a capilaridade das revendedoras da marca de beleza era importante na popularização dos livros, dizem editores.
Segundo a Avon, a empresa passa por mudanças, que envolvem "uma revisão estratégica do nosso portfólio". A companhia diz ainda que "a oferta de determinados produtos na Revista de Moda e Casa não é condizente com o novo plano de negócios, que busca estar mais conectado com o universo da beleza". "Nossos parceiros comerciais foram comunicados com antecedência e estamos cumprindo prazos e honrando todos os compromissos previamente assumidos", completa.
Além da revista por meio da qual as revendedoras da marca podem vender os produtos da Avon, há ainda a Moda e Casa, que divulga produtos de distribuição como acessórios de cozinha, roupas e livros, que já chegaram a ocupar mais de 20 páginas do catálogo. Hoje, os livros não chegam a figurar em dez.
Na virada dos anos 2000 para os anos 2010 a Avon foi responsável por uma importante expansão de vendas de livros no país, sobretudo de best-sellers. O segmento de comércio porta a porta, no qual a Avon está inserido, chegou a representar, em 2010, 21,66% das vendas em número de exemplares, segundo a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, coordenada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros , o Snel, e pela Câmara Brasileira do Livro.
A Avon não revela seus números de vendas, porém foi responsável por metade dos exemplares de "Crepúsculo" vendidos no país no último trimestre de 2010, segundo afirmou uma gerente da empresa à revista Exame em entrevista de 2011.
As vendas pelo catálogo da empresa, contudo, vinham caindo nos últimos anos, segundo editores, que afirmam ter sido a Avon um colosso de vendas de livros. A partir de 2011 a venda porta a porta começa a perder espaço e, em 2019, representou 4,9% das vendas de exemplares.
Para editores, a inflação foi um dos responsáveis pela queda das vendas, já que, para emplacar no catálogo da Avon, era preciso que os livros tivessem preços muito abaixo dos encontrados em livrarias. Algumas editoras chegavam a fazer impressões especiais apenas para a marca, que chegou a vender um milhão de exemplares de um mesmo livro, segundo um dos editores ouvidos.
Úrsula Passos (interina)
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