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Índio é agredido no interior de SP e tem braço amputado

O ajudante de serralheiro de 39 anos diz ter levado mordidas, chutes e socos de homem que trabalha no mesmo local que ele

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Curitiba

Um índio da etnia pareci, de 39 anos, foi espancado e teve o braço amputado após uma discussão em São Carlos, no interior paulista.

Ele vive na cidade há 27 anos, mas nasceu na reserva indígena Uirapuru, no Mato Grosso. O índio, que é ajudante de serralheiro, está internado há quase um mês na Santa Casa.

“É um caso completamente surreal; ele está muito abalado”, afirmou o antropólogo Djalma Nery, amigo da família, que esteve com a vítima no hospital nesta semana.

A Polícia Civil investiga o caso. No boletim de ocorrência, feito a partir de uma denúncia anônima, não há menção ao fato de que a vítima é indígena. O episódio foi registrado como lesão corporal.

Ele foi agredido na noite de 18 de janeiro, após uma discussão num bar. O agressor, que trabalha no mesmo local que ele, teria o acusado de furto. Com a ajuda de dois amigos, o agressor tentou roubar o carro da vítima e a levou até uma comunidade, onde a agrediu com mordidas, chutes e socos.

O índio foi atingido na cabeça e ficou inconsciente por alguns momentos, quando teve o braço prensado contra a porta de um carro. Ele foi abandonado num terreno baldio. Depois, conseguiu pedir ajuda e foi encaminhado à Santa Casa, onde teve o braço amputado.

Ele contou a interlocutores que os agressores afirmavam, durante o episódio, que “agora estava permitido matar índio”. 

Segundo Nery, ele contou também que já havia sido alvo de comentários preconceituosos pelo fato de ser índio, mas nunca de uma agressão corporal. “Ele não acha que foi o motivo central, mas esse desprezo foi um fator que tornou a agressão mais confortável”, diz o antropólogo. 

“Para mim, a grande questão é não achar que isso é um crime comum. Na minha avaliação, é uma junção de fatores. Tem muito a ver com o clima de impunidade e de ódio às minorias que se estabeleceu no país.”

O índio foi ouvido pelos policiais nesta semana. A família, que teme retaliações, deve levar o caso também ao Ministério Público.
 

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