Mortes: Anfitriã carioca, deixou coleção de 6.000 obras de arte
Odalea levou vida de arte e beleza; ficou conhecida por suas grandes festas
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Quando o banqueiro Jorge Brando viu Odalea passeando nas calçadas de Copacabana, foi paixão à primeira vista. Casaram-se após um rápido namoro e, juntos, tornaram-se notórios pela enorme coleção de arte que angariaram.
Ergueram um casarão que ocupa todo um quarteirão no bairro do Jardim Botânico e povoaram-no com um acervo de quase 6.000 peças. São quadros, esculturas e outras miudezas, a maior parte em estilo sacro. Também integram a coleção móveis que já pertenceram à realeza imperial, como uma banheira esculpida em mármore que pertenceu à Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II.
Decoração digna para as recepções que o casal organizava. "Ela adorava festa. Recebeu reis, celebridades, presidentes", conta o amigo, José Marçal. O talento de Odalea como anfitriã é sempre citado por quem a conheceu. "Apesar de toda sua elegância, ela tinha o poder de fazer todos se sentirem à vontade", lembra outra amiga, Celina.
Odalea sabia fazer piada de tudo e narrar uma história como ninguém. "Eu posso até te dizer o conteúdo, mas não vai ser igual quando ela contava", diz sua assistente, Marília.
Após ficar viúva em 2002, a vida de Odalea foi dedicada a preservar o legado do marido. Certa vez, afirmou em entrevista que não eram as preciosidades que tornavam a casa valiosa para ela, mas as lembranças que guardava de lá.
Doou a mansão e todos os seus itens ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, que planeja transformá-la em uma casa-museu. A ideia é que a instituição seja aberta ao público, com oferta de cursos e oficinas voltados à restauração e conservação de arte.
Odalea morreu na última quarta-feira (13), um dia antes de seu aniversário de 92 anos. Deixa amigos e o palacete pelo qual zelou por tantos anos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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