Mortes: Um jornalista e escritor apaixonado pelo Grêmio
Emanuel Tadeu Medeiros Vieira morreu na segunda (29), aos 74 anos
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Emanuel dividia seu tempo entre as paixões que fazia questão de eternizar: a escrita, o cinema, o mar, as caminhadas pelo parque e o Grêmio.
Devoto de São Miguel, Emanuel Tadeu Medeiros Vieira se definia dividido entre a política e o espiritualismo.
Autor de mais de 25 obras --entre poemas, novelas e contos-- chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel de Literatura pela International Writers and Artists Association.
"Madona" foi um dos seus últimos poemas. Diz sua única filha, Clarice Vieira Smejkal, que era também parte do desejo de Emanuel ver alguma de suas obras publicada em um jornal de grande circulação. Vontade aqui realizada:
"Senhora das horas inconclusas
Senhora do torto parto
do porto inalcançável
Madona da ânsia infinita
vã peregrinação
Senhora do desassossego
Conceda-me o bálsamo do olvido
passagem silenciosa
travessia sem medo
Senhora do inútil tempo --que continua queimando
Senhora da veloz juventude
Madona de todas as velhices
Outorga-me o estatuto da ausência"
Sua força e persistência acompanhavam a potência do talento misturado à simplicidade. Mesmo debilitado pelo câncer no pâncreas e fígado, não parou de escrever.
O poeta da vida não tirava seus olhos do cotidiano, da política e da sociedade --temas que levava para o papel.
Com o tempo, as caminhadas no parque da cidade e as idas ao cinema foram substituídas por novos companheiros: uma televisão, o relógio e o controle remoto. Emanuel tinha um catálogo de filmes cult.
Perdeu também o mar um espectador fiel. Emanuel gostava de observá-lo por horas quando viajava para seu apartamento no Farol da Barra, em Salvador (BA).
Chegou o dia em que ele não tomou mais o "aparadinho" (como se referia a um gole) de café antes de se dedicar a escrita.
Aos 74 anos, duas lembranças partiram com ele: a bandeira do Grêmio e a frase preferida que sempre repetia. "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé" (2 Timóteo 4:7).
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