Cuscuz paulista, torta de palmito, pernil, bolo de nozes. Essas eram algumas das especialidades de dona Cida, todas registradas em um livro feito a mão com 230 receitas que serviu de inspiração para cardápios oferecidos a convidados das embaixadas do Brasil em Paris e em Washington.
A culinária (de preferência, saudável) era uma das maiores paixões da professora de inglês nascida em Araras, no interior de São Paulo. E fez questão de transmiti-la aos filhos, um deles o ex-embaixador Sergio Amaral, e aos sete netos.
Também tinha vocação para a música. Tocava piano e ensinou a filha caçula, Maria Lúcia, a tocar o instrumento. Sem moleza: eram seis horas de treino por dia. A menina viria a se tornar uma das maiores cravistas brasileiras —morreu em 2007, aos 58 anos.
Cida sempre foi ligada à família. Enquanto o marido, desembargador com quem se casou aos 17 anos, se debruçava sobre livros e sentenças, ela gerenciava a casa e cuidava dos filhos.
Pelos netos, já praticou tai chi chuan e até criou um perfil em uma rede social, aos 87 anos, para manter contato com os que moram fora. Fez questão, aliás, de acompanhar o nascimento de todos, mesmo que nascidos fora de São Paulo, ajudando as mães nas tarefas domésticas após o parto.
Familiares a descrevem como uma mulher austera, mas muito generosa. Os gestos foram desde dar conselhos a um vizinho solitário que queria arrumar uma namorada (e arrumou) até doar dinheiro para uma ONG que faz trabalhos em favelas de São Paulo.
Manteve-se ativa até o fim. Viajou o mundo após a morte do marido. Fez aulas de inglês até os 90 anos, para não enferrujar. Morreu na última sexta (26), aos 94 anos. A missa será realizada na quinta (1°), às 9h, na Paróquia São José do Jardim Europa. Além do filho e dos netos, deixa três bisnetos.
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