Mortes: Mestre da cultura popular, difundiu a arte da tecelagem
Maria Lucinda Bento era considerada ativista das artes, do artesanato e da cultura popular
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No cartão de visitas, constava: "Lucinda artesã". Mas Maria Lucinda Bento representava muito mais que uma artista para o município de Américo Brasiliense (a 283 km de São Paulo).
Lucinda nasceu em São Gonçalo de Sapucaí (MG), onde começou a trabalhar aos nove anos. Na adolescência, mudou-se para a capital paulista e foi indicada para ser babá da hoje produtora cultural Ananda Guimarães, 37, e de sua irmã.
De São Paulo, foi para o sítio dos avós de Ananda, em Américo Brasiliense, onde também passou a cuidar da criação de ovelhas e a estudar tear. Tornou-se administradora do sítio.
Teimosa e persistente, quis se aperfeiçoar. Agregou a pintura e outros trabalhos manuais às suas habilidades. Criou cores e usou novas matérias-primas além da lã. Lucinda era considerada ativista das artes, do artesanato e da cultura popular.
Junto com a família de Ananda, fundou o projeto Tecendo o Futuro, pelo qual ensinava tecelagem em lã de carneiro.
A arte fez com que ela participasse de feiras e de exposições, inclusive na Itália.
A curadora de exposições de design e artesanato Adélia Borges, 68, conheceu Lucinda quando pesquisou mulheres artesãs no estado de São Paulo para participaram da exposição "EntreMeadas", em cartaz no Sesc Vila Mariana (zona sul da capital paulista).
"A força e o trabalho dessa mulher incrível me impressionaram", diz.
"Ela foi minha segunda mãe durante 35 anos", conta Ananda, que realizará o desejo de transformar a casa de Lucinda em um museu.
Maria Lucinda Bento morreu dia 23 de novembro, aos 78 anos, de câncer no pulmão. Deixa dois irmãos, quatro sobrinhos e a família adotiva.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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