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Ativista é abordado pela polícia do Rio ao sair de favela e perde sua festa de aniversário

Raull Santiago divulgou nas redes vídeo que mostra a abordagem policial; gravação é cortada quando agente toma seu celular

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Rio de Janeiro

O ativista Raull Santiago, morador do Complexo do Alemão, favela da zona norte do Rio, acreditava que passaria a noite desta quarta-feira (19) em casa, comemorando o aniversário com a família. Ao sair de uma reunião no Complexo da Maré, no entanto, foi abordado pela polícia, teve o celular apreendido e acabou parando na delegacia.

Raull é um dos autores da coluna PerifaConnection, publicada no site da Folha. Pouco antes das 20h, ele começou a gravar o ao vivo no Twitter, alertando: "SOS, policiais do Choque altamente violentos nos pararam no meio da avenida Brasil. Estão sufocando o Tiaguinho e Ricardo, apontaram fuzil para nós, mandaram esperar à frente".

O ativista havia participado de uma reunião na Maré, comunidade que nesta semana foi novamente palco de duradoura operação policial com mortes. Raull e amigos deixaram o local em três motos –a primeira foi interceptada pela polícia.

Segundo o grupo, os policiais xingaram, foram abusivos e queriam investigar os celulares sem ordem judicial. A gravação ao vivo no Twitter de Raull é cortada quando um policial tira o celular de sua mão. "Não, não pode pegar o meu celular não", diz o ativista, antes do fim do vídeo.

Conforme posteriormente Raull contou à imprensa, um dos policiais teria dito que o levaria à delegacia por desobediência e resistência, se ele continuasse falando. O ativista, então, teria decidido, ele próprio, que gostaria de ir à delegacia.

"Quando falou a terceira vez, era uma via pública, tinha trânsito, eu falei, 'Oi, gente, me chamo Raull Santiago, acredito que estou numa abordagem abusiva. Ele está falando que vai me levar por desobediência, então quero ir para a delegacia. Quem estiver passando pode chamar a polícia'", afirmou.

O grupo foi levado para prestar depoimento na 21ª DP. A jornalistas, Raull disse que os policiais justificaram a abordagem pelo fato de que o grupo havia saído da Maré em três motos.

"Ou seja, para a sociedade, jovens negros saindo de uma favela de moto já é [algo] suspeito. Se não sou eu, tendo consciência do alcance que tenho por conta do meu trabalho, talvez eu não tivesse falado um ai. Teria sido revistado, abusado, esculachado e depois ido para a minha casa. Eu tomei uma atitude e falei 'quero ir pra delegacia'. Não vou ficar em silêncio diante de algo que é constante", disse.

Por volta das 23h, Raull comunicou nas redes que estava bem. "Ainda é meu niver. Minha família estava em casa me esperando para comer, depois, chegaram na delega chorando, em desespero. Meus filhos chorando. Que tenso", escreveu. 

Após ser liberado pela polícia, o ativista publicou nas redes: "Estou na casa da minha mãe. Enfim vamos jantar!" 

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar, mas ainda não obteve retorno.

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