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Pela minha janela, vejo a água invadir condomínios e alagar carros

Estamos à deriva num mar de irresponsabilidades com o crescimento metropolitano desordenado e a mercê do tempo

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São Paulo

Morar ao lado da marginal Tietê nunca foi um problema nem pelo barulho, nem pelo trânsito. Isso até a madrugada desta segunda-feira (10), quando vi pela janela de casa o rio que corre ao longo da via expressa entrar em convulsão e ir alagando tudo em volta de casa.

Pela minha janela, vejo a fúria das águas invadindo condomínios vizinhos e alagar centenas de carros e ir, aos poucos, ameaçando entrar nas garagens de meu próprio prédio.

Como o ritmo das chuvas segue intenso, em três ou quatro horas é possível que isso aconteça. Há um grupo no portão que ora reza, ora se indigna, ora entra em desespero.

Vejo também pelo olho da parede dezenas de veículos estacionados na ponte do Limão, via estratégica da cidade, parados há quatro horas sem ter rumo a seguir. Motoristas cansados, sem perspectiva de conseguir fazer nada pelas próximas várias horas.

Por aqui já teve também resgate de bote pelos bombeiros, gente desesperada porque não conseguia voltar a seus lares depois de jornadas noturnas de trabalho e uma consternação coletiva pelo cenário inédito de esgarçamento urbano em um ponto de classe média da cidade, a Barra Funda.

Nos grupos de zap da vizinhança, gente incrédula se rende às previsões do aquecimento global, outros praguejam pelo valor alto do IPTU “que não vira melhoria nenhuma” e memes que vão de baleia encalhada  na margem do Tietê à oferta de serviço de canoa por aplicativo.

O Jardim Pantanal, que chorou sua tragédia anos atrás, agora é uma floresta espalhada pela cidade, de escola de elite à lojas de grife.

Na minha rua, a energia elétrica acabou devido a explosão de um transformador. 

Guardada as devidas, justas e óbvias proporções, estamos todos à deriva num mar de irresponsabilidades com o crescimento metropolitano desordenado e a mercê do tempo que, por enquanto, não parece querer dar trégua ou se sensibilizar com o desespero de quem aguarda a água baixar ou se acalmar.

Durante alagamento em SP, memes circulam na internet - Reprodução

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