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Um dos fundadores do cursinho popular da PUC-SP morre por coronavírus aos 47 anos

Valdemar Gomes, professor de história, havia terminado seu doutorado no final de 2019

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São Paulo

Saudável e fora do grupo de risco da Covid-19, o professor de história Valdemar Gomes, 47, morreu em decorrência de complicações da doença 19 dias após a primeira consulta para examinar seus sintomas.

Valdemar lecionava dia e noite na escola municipal Jenny Gomes, na zona leste, e em faculdades particulares.

Fez seu mestrado e doutorado sobre os editoriais desta Folha no período da ditadura militar (1964-1985). Concluiu no fim do ano passado seu doutorado na UFABC (Universidade Federal do ABC), mas não chegou a receber o certificado em função da pandemia, que será entregue à família.

O historiador Valdemar Gomes (de camisa xadrez), no dia de obtenção do seu doutorado, na UFABC - Henrique Profili/Arquivo pessoal

Nascido em Miracema (TO), Gomes entrou na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) em 1995, e logo começou a militar nos movimentos estudantil e negro na universidade.

Em 1997, foi um dos fundadores do cursinho popular da PUC, ativo até hoje. Em 1999, armou uma barraca em frente à reitoria da universidade para exigir a matrícula de alunos que, como ele, eram inadimplentes. A notícia se espalhou e outros estudantes se somaram ao acampamento, que durou cerca de dez dias e conquistou seu objetivo.

“Teve uma geração de alunos do Valdemar na época do cursinho que hoje têm doutorado”, afirma Henrique de Souza, que participou com ele da ocupação e dá aulas no cursinho da PUC desde 2005. “Era um cara que incentivava a gente a continuar, a aprender, a estudar mais.”

Depois de formado, atravessava a cidade para lecionar em uma escola pública na periferia de Franco da Rocha, a 43 km de São Paulo. Posteriormente, deu aula no cursinho popular da ONG Educafro, nas redes estadual e municipal e participou do sindicato de professores.

“Era como um irmão para mim, a gente dividiu tanta coisa. Comemos juntos no mesmo prato”, diz Michel Justamand, amigo dele há 25 anos e companheiro na torcida pelo Corinthians. “Foi completamente inesperado. A gente sempre via nele um homem forte.”

O historiador foi tratado com anti-inflamatório, antitérmico, antibiótico e cloroquina na fase final da doença. O medicamento provocou efeitos colaterais e ele precisou tomar outro remédio para desacelerar o coração.

Após uma melhora aparente, faleceu no hospital Emílio Ribas (zona oeste), na segunda-feira (6). Deixa a mulher, Lidia, e os filhos Guilherme, 13, e Letícia, 17.

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