Mortes: Caminhoneiro colocava sofá na caçamba e acomodava as filhas
Jonas Batista Lima não media esforços para ficar perto da família
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O passatempo de Jonas Batista Lima, conhecido como “Xará”, era cuidar do caminhão. Caprichoso, limpava o veículo todos os dias, fazia a manutenção por conta própria e deixava tudo impecável. Era uma joia para ele.
A esposa, Ana Escolástica de Paula, 75, conta que a compra do primeiro caminhão, em 1967, foi a realização de um sonho, e o marido o enfeitou com várias luzes coloridas. “Nós morávamos em um bairro escuro e, de longe, já dava para ver ele vindo. Era a coisa mais linda”, lembra.
Jonas nasceu em Monteiro (300 km de João Pessoa), de onde saiu com 18 anos. Depois de uma curta passagem pela Bahia, foi para Minas Gerais e, aos 23, estabilizou-se em Ipatinga (217 km de Belo Horizonte). Lá, conheceu Dona Ana e morou o resto da vida.
Começou como caminhoneiro aos 17 anos e continuou trabalhando até há pouco tempo. No entanto, diferentemente de alguns colegas de profissão, Jonas não gostava muito de viajar. Preferia os serviços que o permitissem voltar para a casa no mesmo dia, para ficar próximo da família.
Pai-coruja, fazia o máximo para ficar na companhia das filhas. Quando elas eram crianças, sempre que possível, levava todas as cinco com ele na boleia, durante um carreto ou outro. Na época das festas agropecuárias, viajava para cidades vizinhas com um sofá na caçamba do caminhão, onde “suas meninas” — como costumava chamar as filhas — iam sentadas.
Apesar de ter saído da Paraíba na adolescência, Jonas manteve vivas suas raízes nordestinas. Gostava de escutar Genival Lacerda, Dominguinhos e a rádio de sua cidade natal. Aos domingos, ia à feira comprar carne de sol e farinha, comidas que estavam entre suas favoritas, bem como o arroz de leite, prato típico de sua região.
No bairro onde morou por 48 anos, ele era o “gente boa”. Solícito, estava sempre disponível para ajudar quem fosse na hora de trocar um chuveiro, desentupir um cano, fazer pequenos reparos.
Jonas Batista Lima morreu por complicações de Covid-19 no dia 15 de junho, 6 dias antes de completar 80 anos. Além da esposa e das cinco filhas, deixa 9 netos.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters