Mortes: Psicóloga e empreendedora social reciclava papel e pessoas
Eliana Tiezzi, fundadora da Papel de Gente, conciliou tratamento de câncer e trabalho de impacto social durante a pandemia
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Desde o final de 2018, quando descobriu um adenocarcinoma no colo retal, a psicóloga Eliana Tiezzi, integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, travava uma batalha dupla, individual e coletiva.
Individual porque, silenciosamente, combatia a doença com tratamentos variados. Amante da natureza e suas ciências, era fiel à medicina antroposófica e fazia sessões de acupuntura após as de quimioterapia, a fim de diminuir sintomas e manter a qualidade de vida.
E coletiva porque em momento algum, exceto nos últimos dois meses de vida, deixou de lado seu trabalho pela reinserção social de pessoas com transtornos psíquicos na Papel de Gente, organização que fundou em 1994 e que a levou à final da primeira edição do Prêmio Empreendedor Social, em 2005.
Em 23 de setembro, porém, a batalha dupla de Eliana chegou ao fim, dois meses depois de completar 59 anos. Ela, que adorava organizar festas e estar sempre rodeada por gente, viveu seus últimos dias em isolamento social.
Sua única filha, Amora, 28, conta que a mãe tinha amigos de todos os lugares e religiões. Gostava de espalhar sua fé pelo budismo, espiritismo, umbanda. Crenças que alimentaram sua luta pela vida, sempre positiva e esperançosa.
Mesmo em tratamento, a empreendedora social intensificou sua atuação em defesa da saúde mental durante a pandemia.
Além do trabalho de reciclagem de papel e de pessoas na Papel de Gente, ela organizou nos últimos meses grupos terapêuticos para atendimento psicológico gratuito.
Trabalhou duro, sempre pensando mais no próximo do que em si, até que Amora tivesse que dizer “chega!”, ao perceber que o estado da mãe piorava.
Pouco antes de morrer, Eliana decidiu encerrar as atividades da Papel de Gente, fechando oficialmente a organização.
Deixa o legado de uma atuação transformadora em prol da saúde mental e da reinserção daqueles com transtornos psíquicos, uma trajetória que continua viva na memória de amigos, colegas da Rede Folha e familiares, em especial de sua mãe e sua filha.
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