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Descrição de chapéu Obituário Gione Antônio França (1965 - 2021)

Mortes: Visionário, foi prodígio da publicidade em Pindamonhangaba

Gione França fez do humor e da criatividade um trampolim para uma vida maior

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Rodrigo França
São Paulo

Quando a família França se reunia para o Natal, um dos momentos mais esperados era a chegada de Gione, o segundo mais novo dos sete filhos de Urbano e Nina.

Pudera. Reunir 30 familiares já era garantia de risadas até altas horas, e o ponto alto era vê-lo colocando em prática todos seus esquetes de comédia. Muito antes de Marcelo Adnet dominar os sutis trejeitos de Geraldo Alckmin, Gione já fazia gargalhar com sua imitação —nem precisava forçar o sotaque de Pindamonhangaba, onde viveu toda sua vida praticamente.

"Praticamente" porque Gione sonhava mesmo com a vida de Paulista. A avenida, no caso. Aos 18, foi para São Paulo arriscar, contrariando a tradição familiar ligada a serviços públicos. Para quem tinha o dom da arte (esculpia em uma borracha o carro do Speedy Racer) e teve até banda de rock (“RH Positivo”), a vida ia além de fazer cópias autenticadas e reconhecer firmas.

Alugou um pequeno apartamento na avenida Rebouças, começou o curso na Escola Panamericana de Artes e viu que não estava sozinho neste mundo de pessoas criativas e inquietas.

Gione Antônio França com os filhos, Gabriel (de óculos) e Raul. (Foto: Arquivo pessoal) - Arquivo pessoal

São Paulo, porém, ficou para trás quando conheceu Sandra. Eles casaram e, assim, Gione voltou para Pinda, como publicitário. Abriu sua própria agência regional e levou conceitos inovadores para região. Apostou nos intervalos da recém-criada afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba e conquistou clientes com sua criatividade.

Como seus ídolos Nizan Guanaes e Washington Olivetto, usou os 30 segundos de comercial para criar marcas fortes —algo comum em São Paulo, mas revolucionário em uma pequena cidade que de repente “se via” no intervalo do Fantástico.

Assim, “ficou um baratão” foi o slogan do novo supermercado com preços baratos que se conectava à gíria dos anos 1980. Investiu também em outdoors e criou um clube de vantagens, “Doidera”, em uma cidade de 100 mil habitantes há 30 anos. O nome já dizia tudo.

A saúde debilitada, no entanto, impediu voos maiores. Sua resiliência na última década, fruto do estudo da doutrina espírita, é destacada pelos filhos, Raul e Gabriel. Há um mês, Gione sofreu um AVC e, internado, teve Covid-19, cujas complicações o vitimaram no último dia 14.

Além dos filhos, deixa cinco irmãos, a mãe e milhares de memórias e inspirações, algumas delas com este sobrinho, que estrelou sua campanha na TV na infância, virou jornalista e sempre vai se lembrar de toda essa doidera.

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