Comitê científico do Rio adia decisão sobre Carnaval do Sambódromo
Especialistas consideram arriscado fazer o evento em meio ao aumento de casos de Covid
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Em reunião nesta quarta-feira (12), o comitê científico da cidade do Rio de Janeiro decidiu adiar a decisão sobre o futuro do Carnaval na Marquês de Sapucaí.
O assunto chegou a ser discutido no encontro, mas o colegiado preferiu continuar monitorando o comportamento da variante ômicron do novo coronavírus. A decisão sobre o evento deve sair daqui a 15 dias.
"Como o Carnaval ainda está distante, a gente precisa entender qual vai ser o cenário epidemiológico nas próximas semanas", afirmou Alberto Chebabo, diretor médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e membro do comitê científico do município.
"A gente tem que entender se essa curva de casos vai atingir o pico, quando vai ser esse pico e se, quando o Carnaval chegar, a gente ainda vai estar num cenário parecido com o atual. Mas a gente está muito no início dessa curva."
Ele diz ainda que o cenário epidemiológico da cidade em relação à nova variante inspira cuidados. "A gente está tendo um momento explosivo de casos. Preocupante é, principalmente pelo afastamento da força de trabalho em todos os setores, sobretudo nos de serviços", diz ele.
Com o avanço da ômicron, cepa que já é dominante na cidade, o Rio assiste à piora de seus indicadores epidemiológicos, o que obrigou a prefeitura a abrir novos leitos nesta semana. Embora o número de óbitos esteja em um patamar baixo, as internações aumentaram nas últimas semanas.
No Natal, havia 12 pessoas internadas na rede pública, número que saltou para 197 no início da tarde desta quarta-feira (12) e para 222 no começo da noite. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a maior parte dos internados não completou o esquema vacinal.
Em razão do aumento de casos, o prefeito Eduardo Paes (PSD) decidiu cancelar o Carnaval de rua na capital. Especialistas dizem, porém, que é importante também suspender os bailes e o desfile das escolas de samba. Segundo eles, esses eventos têm o potencial de aumentar a circulação do vírus.
"Eu acho que toda e qualquer aglomeração que seja feita nas próximas semanas será motivo de um espalhamento ainda maior da variante ômicron", disse o infectologista Roberto Medronho, professor da UFRJ e membro do comitê científico do estado.
Medronho foi um dos membros do colegiado que, na última sexta (7), desaconselhou a realização de eventos que gerem aglomeração, inclusive os do Carnaval. Segundo ele, se os festejos forem mantidos, poderá haver um aumento no número de mortes.
"A discussão que eu proponho é ética", afirmou ele. "Estamos dispostos a pagar para ter uma festa que, sim, gira a economia e faz bem para a saúde mental, mas que pode gerar óbitos?"
Paes, no entanto, tem defendido o evento. Ele argumenta que, no Sambódromo, seria possível promover o controle sanitário. No outro extremo, especialistas dizem que, em meio à festa, será difícil evitar que os foliões desrespeitem o protocolo sanitário.
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