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Vale deve pagar R$ 236,7 mi após descumprir prazo para eliminar barragens

Empresa assinou nesta sexta-feira (25) um termo de compromisso com autoridades

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Marta Nogueira
Rio de Janeiro | Reuters

A Vale assinou nesta sexta-feira (25) um termo de compromisso com autoridades, no qual se compromete a pagar R$ 236,7 milhões em contrapartida à sociedade mineira após ter descumprido prazo legal que venceu nesta sexta para a eliminação de suas barragens mais perigosas em Minas Gerais.

Segundo minuta de acordo vista pela Reuters, o montante será destinado para fins de custeio de projetos voltados à preservação ambiental e ao aprimoramento da atuação pública relacionada à segurança de barragens de rejeitos de mineração.

O documento prevê ainda que a empresa se comprometerá com uma série de obrigações para a descaracterização de todas as suas barragens alteadas pelo método a montante no estado, de maior risco por suas paredes serem construídas sobre uma base de resíduos, em vez de em material externo ou em terra firme.

Bombeiros fazem buscas na região do refeitório da Vale, em Brumadinho (MG) - Eduardo Anizelli - 30.jan.2019/Folhapress

O sistema foi utilizado nas barragens que se romperam em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, em 2019, ambas em Minas Gerais.

A lei estadual mineira, publicada um mês após o colapso em Brumadinho, que ocorreu em 25 de janeiro de 2019, deu até esta sexta-feira para que todas as mineradoras eliminassem suas barragens a montante. Mas o prazo foi considerado inviável pela indústria.

Procurada, a Vale confirmou a assinatura do termo e o valor acordado. Também reiterou seu compromisso com a eliminação das barragens "no menor prazo possível, tendo como prioridade absoluta a segurança das pessoas e cuidados com o meio ambiente".

Disse ainda que o acordo traz "mais segurança jurídica e técnica para o processo de descaracterização das 23 barragens a montante da empresa em Minas Gerais, uma vez que o prazo definido na Lei Estadual 23.291/2019... foi tecnicamente inviável".

NOVAS CAMADAS DE SEGURANÇA

Procurado, o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto disse à Reuters que o termo de compromisso não prorroga prazo ou concede anistia, sendo uma adequação técnica e jurídica para efetivação da Lei Mar de Lama Nunca Mais.

"Foram previstas diversas novas camadas de segurança, acompanhamento técnico e publicidade das descaracterizações, todas com objetivo de prevenção de novos desastres, como os de Mariana e Brumadinho."

Outras diversas companhias também descumpriram o prazo para a descaracterização de barragens, segundo a Promotoria de Minas, e estão assinando termos de compromisso com autoridades federais e mineiras.

Em coletiva nesta sexta, o procurador-geral de Justiça de MG, Jarbas Soares Júnior, disse que até o momento outras 14 empresas já assinaram termos de compromisso com as autoridades entre quinta e sexta, incluindo Usiminas, CSN , Gerdau e Alcoa , somando aproximadamente R$ 324 milhões em indenizações.

Outras empresas ainda não assinaram um termo de compromisso, estando sujeitas a sanções da lei. O descumprimento da lei previa, por exemplo, a suspensão das licenças das empresas.

COMPROMISSOS DA VALE

Dentre as diversas obrigações que constam na minuta assinada pela Vale, está ainda previsto que a mineradora deverá contratar equipe técnica especializada e independente para prestar amplo auxílio na análise do projeto e no acompanhamento do processo de descaracterização das barragens.

A empresa também se comprometeu em concluir a descaracterização das estruturas no menor prazo tecnicamente possível sob o viés da segurança da estrutura e das pessoas potencialmente impactadas.

A empresa deverá seguir "rigorosamente" o projeto técnico e seu cronograma físico detalhado aprovados pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), que poderão emitir determinações ou recomendações adicionais àquelas constantes do projeto apresentado.

Em nota, a Vale reiterou ainda que, desde 2019, sete estruturas a montante –quatro em Minas Gerais e três no Pará– foram eliminadas, das 30 mapeadas pela empresa, praticamente 25% do Programa de Descaracterização da empresa.

Para este ano, está prevista a conclusão das obras e reintegração ao meio ambiente de mais cinco estruturas. Com isso, a Vale prevê encerrar 2022 com 40% das suas estruturas deste tipo eliminadas. Isso significa que 12 de 30 barragens mapeadas já estarão descaracterizadas.

Assinaram o termo o governo de Minas Gerais, órgãos reguladores e Ministérios Públicos Estadual e Federal.

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