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Descrição de chapéu Obituário Alexandre Ferreira Mascarenhas (1969 - 2022)

Mortes: Arquiteto era descobridor de talentos e colecionador de vida

Restaurador consagrado, Alexandre Ferreira Mascarenhas respirava arte e deixa legado nas cidades históricas de Minas Gerais

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São Paulo

Para olhar os quadros de Gerson Flores na galeria Nello Nunes, da Fundação de Arte de Ouro Preto (MG), é preciso enxergar com a alma. Assim como fez o arquiteto Alexandre Ferreira Mascarenhas em 2019, quando viu o até então desconhecido artista plástico, que perambulava por Belo Horizonte havia mais de 20 anos, expondo seus quadros na região da avenida do Contorno.

O arquiteto não teve dúvidas: inscreveu o morador de rua em um edital da fundação e a obra dele, aprovada, segue exposta até o próximo dia 3 de julho. As pinturas, até então amontoadas ar livre na capital mineira, agora estão nas paredes da galeria de uma cidade que respira arte, assim como o descobridor do artista.

O arquiteto e músico Alexandre Ferreira Mascarenhas, que morreu no último dia 11 em Ouro Preto (MG), aos 52 anos - Arquivo pessoal

Mascarenhas, conta a irmã Francisca, também arquiteta, era puro talento desde criança. Estudou na escola da artista plástica e ceramista Arlinda Corrêa Lima e era sempre o primeiro colocado em concursos. Ele é filho do compositor Pacífico Mascarenhas.

O olhar atento vem do dom e de muito estudo. O extenso currículo de Mascarenhas o tornou um conceituado arquiteto de Minas Gerais, principalmente nas cidades históricas. E um restaurador reconhecido nacionalmente. Pelas suas mãos e técnica, passaram trabalhos como a recuperação da Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis (RJ), entre outros.

A sua morte precoce aos 52 anos, no último dia 11 de junho, após sofrer um infarto fulminante, abalou a comunidade acadêmica de Ouro Preto. Alunos do Instituto Federal de Minas Gerais, onde ele era professor no curso de conservação em restauro, escreveram uma carta.

"Ele amava descobrir artistas e apresentar para o mundo! Fotografava tudo, registrava tudo, gritava para as pessoas enxergarem as cores, as expressões, as manifestações", diz trecho do texto.

Em nota de falecimento, o IFMG afirmou que "era um colecionador da vida, material e imaterial".

E era mesmo. Sua casa em Ouro Preto, construída com sobras de demolição, é uma atração na cidade, conforme lembram colegas do instituto.

Mascarenhas iria se licenciar do instituto em outubro para fazer pós-doutorado em Portugal e na Índia.

Apesar da pouca idade, já preparava a aposentadoria. Em 2013 construiu uma casa de três andares em Tiradentes (MG). O imóvel, conta a irmã, está repleto de obras de arte —de cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, também em Minas, a arte popular de Pernambuco. Era lá que planejava morar no futuro.

A família pretende transformar o local no Museu Casa Alexandre Mascarenhas. "Ele deixou tudo catalogado", conta a irmã sobre as obras que vão do chão ao teto. Talvez tenha espaço na parede para um dos quadros do ex-morador de rua talentoso, descoberto ao acaso.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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