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Datafolha: um terço da população do RJ não confia na polícia para resolver crime

Desconfiança é menor entre em São Paulo (25%) e em Minas Gerais (19%); em relação à prevenção, índice também cai

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Rio de Janeiro

Um terço (34%) da população do Rio de Janeiro não confia no trabalho das polícias do estado para combater os criminosos após as ocorrências, mostra pesquisa Datafolha. A desconfiança é menor entre os entrevistados em São Paulo (25%) e em Minas Gerais (19%).

Os mineiros são os que mais confiam na atuação das polícias nos três estados pesquisados: 35% afirmam confiar muito e 45% dizem confiar um pouco. Em São Paulo, os mesmos percentuais são, respectivamente, 26% e 48%. No Rio de Janeiro, apenas 20% confiam muito e 45% confiam um pouco.

O levantamento mostra que a população confia um pouco mais na capacidade da polícia de prevenir os crimes do que de combater os criminosos.

Operação da Polícia Militar na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio - Tércio Teixeira/Folhapress

No Rio, 21% confiam muito, 49% confiam um pouco e 30% não confiam na prevenção. Em São Paulo, os mesmos percentuais são de 31%, 49% e 19%.

Já em Minas Gerais, 43% confiam muito, 43% confiam um pouco e 13% não confiam no trabalho das polícias para prevenir os crimes.

No Rio e em Minas a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. Em São Paulo a margem é de dois pontos.

No Rio de Janeiro, onde a desconfiança das polícias é maior, a taxa de mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes é de 27,2, muito superior à de São Paulo (7,9) e à de Minas Gerais (11,4).

A categoria reúne homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes por intervenção policial. Os números constam no 16° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado com base nos dados compartilhados pelas secretarias de segurança.

Presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima avalia que o cenário de violência no estado não é suficiente, porém, para explicar a desconfiança nas polícias.

"Quando a população reconhece que há algum tipo de esforço, ela tende a confiar mesmo sabendo que a situação é grave", diz.

Segundo ele, a confiança tende a ser menor quando a população não sabe o que esperar do comportamento da polícia —seria esse o caso do Rio de Janeiro. Lima afirma que a instituição fluminense não costuma prestar contas, é pouco transparente e dá mais liberdade para a atuação do policial na linha de frente.

"Ser abordado no Rio é sempre um momento de tensão. Não sabe se vai ser correto, se [o policial] vai querer uma grana para te liberar, se vai ser truculento. Essa incerteza provoca desconfiança", afirma.

"Em Minas e São Paulo há um maior controle e supervisão da atividade na ponta. Não se faz em SP operação como foi feita na Vila Cruzeiro, porque vira um grande escândalo, o Ministério Público se mobiliza."

Nos três estados, especialmente em São Paulo e em Minas Gerais, a confiança nas polícias foi maior entre os homens. Entre os paulistas, 38% disseram confiar muito no trabalho das polícias para prevenir os crimes, em comparação a 24% das mulheres.

Em Minas, 51% dos homens e 35% das mulheres afirmaram confiar muito na atuação dos agentes.

Em São Paulo a desconfiança nas polícias foi consideravelmente maior entre pessoas pretas. Entre elas, 35% disseram não confiar no trabalho dos agentes para combater os criminosos, em comparação a 23% entre os brancos e 23% entre os pardos.

"Em São Paulo pretos e brancos estão apartados. Há diferentes formas de fazer polícia e quem está no centro expandido não vê o que acontece na quebrada", diz Lima.

Nos três estados a confiança nas polícias foi superior entre os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem feito acenos à categoria e tenta fidelizar os policiais em busca da reeleição.

Em Minas Gerais, por exemplo, 63% dos que pretendem votar no presidente confiam muito na atuação das polícias para prevenir os crimes. A mesma porcentagem é de 32% entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado.

Entre os que pretendem votar em Lula em MG, 18% não confiam no trabalho das polícias para prevenir os crimes, em comparação a 3% entre os eleitores de Bolsonaro.

"Bolsonaro fez um discurso de que está ao lado das polícias e que por isso o eleitor pode confiar. Isso tem muito a ver com o discurso e não com a prática, porque ele e os governos federais anteriores fizeram muito pouco no campo da segurança pública para o fortalecimento das polícias", afirma Lima.

Em Minas Gerais foram entrevistadas 1.204 pessoas com 16 anos ou mais, em 52 municípios, entre os dias 29 de junho e 1º de julho. O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com os números MG-07688/2022 e BR-08684/2022.

No Rio de Janeiro a pesquisa foi realizada entre os dias 29 de junho e 1º de julho com 1.218 pessoas com 16 anos ou mais, em 32 cidades. Ela foi registrada com os números RJ-00260/2022 e BR-03991/2022.

Em São Paulo o Datafolha ouviu 1.806 pessoas com 16 anos ou mais em 61 municípios, entre os dias 28 e 30 de junho. O levantamento foi registrado no TSE com os números SP-02523/2022 e BR-01822/2022.

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