Mortes: Churrasqueiro e fã de Chico Buarque ensinou a esperar o melhor do ser humano
Luiz Daher Nogueira Audi morreu aos 62 anos, em decorrência de um câncer no pâncreas
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Todas as sextas-feiras, Luiz Daher Nogueira Audi cumpria uma tradição: abria as portas de sua casa para um churrasco ao lado da família e dos amigos. Fez isso até os últimos dias de sua vida.
Luiz, anfitrião nato, era conhecido pelo bom humor, pelos comentários espirituosos e também pela generosidade. No trabalho, segundo os amigos, era chamado de paternal por defender os funcionários.
Luiz nasceu em Marília (a 435 km da cidade de São Paulo). O pai tinha um empório, onde vendia secos e molhados.
Aos dois anos, mudou-se para Oriente (a 457 km da cidade de São Paulo). Na infância, conheceu Vânia, aquela que seria sua mulher anos depois. Brincaram, aproveitaram a adolescência, namoraram e casaram. A partir do namoro, foram 42 anos juntos —destes, 37 casados.
Já em Lins (a 431 km de São Paulo), Luiz interrompeu a faculdade de engenharia no terceiro ano. Foi para Marília, cursou matemática na Universidade de Marília e direito na Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, atual Univem (Centro Universitário Eurípides de Marília).
Em 1981, começou a trabalhar na Caixa Econômica Federal e lá ficou até se aposentar, em 2016. De caixa chegou a gerente.
Luiz era de esquerda e tinha esperança de ver o Lula vencer as eleições deste ano. Bem informado, sabia como discutir política. Também era preocupado com questões sociais.
Nas horas vagas, são-paulino, fã de Chico Buarque e um companheiro de viagem indispensável, principalmente em trajetos longos.
"Ele gostava de fazer viagens longas de carro, para visitar os filhos. Eu moro em Brasília e meu irmão Victor, em Belo Horizonte", conta a jornalista Amanda Audi, 35, sua filha.
Há pouco mais de um ano, Luiz foi diagnosticado com câncer no pâncreas. Esperançoso, sempre buscou novos tratamentos.
Um dia antes de ser internado avisou a esposa que aquela seria a última noite em casa. Despediu-se dela, dos filhos e dos cachorros. Deixou à filha Amanda alguns conselhos para levar a vida.
"Tenha paciência, fique perto da mãe e da família. Não tenha pressa, mas também não perca tempo. Sempre espere o melhor das pessoas. Nunca me arrependi de ter feito isso. Mas é bom ter um pouquinho de malícia. Não me arrependo de nada porque fiz tudo com calma. A gente sempre viveu de modo intuitivo e foi aprendendo. Deu tudo certo."
Luiz morreu dia 9 de julho, aos 62 anos. Deixa a esposa, três filhos e uma irmã.
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