Mortes: Engenheiro colombiano adorava cálculo, mapas e esportes
Erich Frank Tremel Balda se mudou para São Paulo pouco depois da formatura e fez a vida no Brasil
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O colombiano Erich Frank Tremel Balda sempre foi conhecido como um engenheiro de mão cheia, literalmente. Metódico e perfeccionista, costumava medir espaços com as mãos e não errava o cálculo.
A sua história foi tão rica quanto sua cultura e conhecimento por matemática, rock clássico, geografia e esportes.
Nas Olimpíadas de 2016, passou duas semanas no Rio de Janeiro, esbaldando-se em arquibancadas para assistir às variadas modalidades esportivas, da natação a ciclismo ou tênis.
Frank, como era chamado, mudou-se para São Paulo na década de 1970, logo após a formatura.
Em uma festa na república de sul-americanos na região da avenida Paulista conheceu a futura mulher, Vera Helena. Ganhou o coração da moça ao ser o único ao dar seu lugar para ela sentar. "Foi uma gentileza própria dele", afirma a esposa.
Vera, que trabalhava na Biblioteca Central da Universidade de São Paulo (USP), ajudou-o a regulamentar seu diploma na Escola Politécnica. E logo se casaram.
Os dois criaram os filhos, Daniel e Carolina, na mesmo endereço na Vila Madalena, zona oeste da capital.
Ao longo de quase quatro décadas, fez viagens pouco comuns com a mulher. Juntos, conheceram Grécia, Turquia, Japão, Singapura, Tailândia, Dubai, África do Sul, onde fizeram um safari, e Qatar. E, é claro, o primeiro passeio foi para a Colômbia.
"Ele guardava os folhetos de viagens", diz Vera. O motivo: esses papéis tinham mapas, uma de suas paixões, impressos.
A pandemia não deixou os dois colocarem em prática o sonho de viajar para a Índia. Mas o período de isolamento, por outro lado, abriu oportunidade para realizar seus passatempos preferidos, como ficar o dia vendo programação esportiva na televisão.
Durante meses, montou um quebra-cabeça de 6.000 peças. Para chegar ao resultado final, antes separou as peças por cores. Aliás, usava a engenharia em quase tudo —às vésperas da primeira aula de dança de salão, esquematizou a sequência de passos em uma folha de papel.
Os cabelos brancos não o impediram de ir com a neta Sofia, atualmente com 21 anos, a shows de Rolling Stones, The Who, Deep Purple e Roger Waters —lendas do rock, por sinal, estampam alguns dos discos que sempre colocava para tocar na velha vitrola da família.
O engenheiro, que lutava contra problemas renais, teve complicações com a Covid-19 e morreu no último dia 19, um domingo, dia de esportes na TV, quando o Corinthians venceu o Goiás por 1 a 0, como se fosse uma homenagem do time do coração ao colombiano, que nunca perdeu o sotaque.
Erich Frank Tremel Balda morreu aos 74 anos. Deixou a mulher Vera, os filhos Daniel e Carolina, e as netas Sofia, Alice e Laura.
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