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Descrição de chapéu Obituário Raimundo Firmino de Araújo (1940 - 2022)

Mortes: Nordestino que dedicou a vida à culinária italiana e à boa conversa

Raimundo Firmino de Araújo atuou por 60 anos no ramo de restaurantes em São Paulo

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Luís Eblak
São Paulo

Um dos milhões de nordestinos retirantes que vieram para São Paulo em pau de arara, Raimundo começou a trabalhar de lavador de prato em bares da Lapa de Baixo, em 1957.

Entrou logo para o ramo de restaurantes. Após ser auxiliar de barman, foi promovido a cumim (uma espécie de estagiário de garçom), depois garçom até, finalmente, se tornar maître (gerente).

Tinha orgulho de dizer que trabalhou em alguns dos melhores restaurantes dos anos 60 e 70 em São Paulo, como Gigetto, Fasano e o velho Elio's.

Raimundo Firmino de Araújo, dono de restaurantes em São Paulo. Morreu no último dia 19, aos 81 anos - Arquivo pessoal

Com a experiência adquirida nesses estabelecimentos, iniciou uma carreira bem-sucedida de empresário. Em 1979, abriu o primeiro de ao menos dez restaurantes. O Raymundo's, na rua Heitor Penteado (1979-87), o Montana (1987-88), na rua Henrique Schaumann, e a Trattoria di Torino (1988-2008), na Dr. Homem de Melo, por exemplo, foram destaques dezenas de vezes em resenhas de críticos gastronômicos na imprensa.

Os restaurantes do seu Raimundo eram de uma época em que não existiam os chefs como conhecemos hoje –verdadeiros popstars. Quase todos os funcionários eram, como o dono, nordestinos, incluindo os cozinheiros.

Especializou-se na escola da gastronomia italiana dos restaurantes onde trabalhou. Sempre produziu massas caseiras e fazia a melhor lasanha à bolonhesa que este autor já comeu. Ao mesmo tempo, destacava-se, ainda que deslocada, em seus cardápios uma carne de sol à brasileira, justa homenagem a Picuí (PB), de onde saiu para São Paulo.

Bom de papo, convivia bem com todos, característica importante para um dono de restaurante. Soava às vezes até incoerente, pois, ao mesmo tempo que contava, orgulhoso, que conheceu o capitão guerrilheiro Carlos Lamarca (1937-71) –pouco antes de este desertar do Exército levando um caminhão de armas, em 1969–, era admirador do regime militar.

O Alzheimer interrompeu a carreira de restaurateur, palavra francesa que ele rejeitava.

Raimundo Firmino de Araújo morreu no último dia 19, aos 81 anos. Estava internado após detecção de um câncer no intestino.

Deixa cinco ex-esposas, três filhos e três netas.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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