O município de Porto Seguro foi o cenário da primeira troca de olhares entre o jornalista Wagner Vallim e a professora Alessandra Menezes Barbosa do Valle, hoje com 51 anos. Era 1997 e os dois estavam em férias.
"Nós nos vimos, mas não conversamos. Só nos encontrávamos nos passeios. Ele descobriu que uma moça do mesmo hotel em que estava hospedado estaria no meu voo de volta e pediu a ela para me entregar o telefone dele. Em São Paulo, liguei e tudo começou", conta Alessandra.
O amor iniciado na Bahia deu frutos em São Paulo. Eles se casaram e tiveram os filhos Henrique, 17, e Leonardo, 13.
Depois da família, duas paixões tomavam conta do seu coração: o Palmeiras e o jornalismo.
Desde criança, gostava de ouvir rádio, ler jornais e de assisti-los também. Tornou-se jornalista, e dos bons.
Tinha 25 anos de profissão, 19 deles dedicados à TV Globo, na qual era chefe de apuração. Nos demais, passou por Jovem Pan, SBT e Record.
Vallim levou para as Redações por onde passou sua sensibilidade e empatia.
"Ele era sensível e se preocupava muito com o outro. Sofria com as matérias que mostravam a fome", diz Alessandra.
Apesar do ritmo frenético e da tensão no trabalho, mantinha o fino trato, a educação e a doçura, segundo o relato dos amigos.
Além de exigente e rigoroso na qualidade da informação, preocupava-se com o saber e a formação do profissional.
Cléber Cândido, chefe de produção da TV Globo, lembra-se da parceria e de quanto o amigo gostava de ensinar os novos jornalistas da emissora.
"Ele sempre foi parceiro, apaixonado pelo que fazia, dedicado ao trabalho e incansável", afirma Cléber. "Tinha o espírito de ir atrás da notícia, delicadeza na hora de falar, humildade, educação e gentileza."
Dos 21 anos que o produtor de reportagem André Graça tem de TV Globo, 19 foram ao lado de Vallim.
"Ele passava para nós o rigor da apuração e o cuidado com a informação", diz Graça. "Sempre parabenizava e agradecia pelo trabalho. Era uma mistura de chefe, líder e pai. Incentivava a fazer o 'a mais' e ficava contente com isso, mas também prezava pelo nosso bem e descanso."
Para o editor-executivo do portal da Band, Paulo Guilherme, Vallim era um irmão de profissão. "Ele era o amigo que te telefonava para perguntar como você e sua família estavam, para falar um oi e ouvir a sua voz."
"Todo mundo que teve a sorte de trabalhar com ele vai levar o legado do amor pela profissão", acrescenta Guilherme.
Vallim morreu na última terça (20), aos 55 anos, após sofrer um infarto. Deixa a esposa, Alessandra, os filhos, Henrique e Leonardo, e muitos amigos.
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