Siga a folha

Colégio vai demitir professora suspeita de fazer saudação nazista em aula no PR; veja vídeo

Defesa de docente nega a apologia e diz que gesto era homenagem à bandeira e à pátria

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Um vídeo gravado dentro de uma sala de aula mostra uma professora de redação do Colégio Sagrada Família, em Ponta Grossa (PR), fazendo um gesto semelhante a saudação nazista.

Instantes antes de erguer o braço em direção ao horizonte, a mulher havia prestado continência. É possível ouvir um hino, não identificado, ao fundo. No momento do ato, a docente usava uma bandeira do Brasil presa ao corpo.

Professora faz gesto durante aula em colégio católico no Paraná - Reprodução

Segundo professores da mesma escola ouvidos pela reportagem, a cena ocorreu na sexta-feira (7), durante uma aula para alunos do ensino médio.

A professora foi identificada como Josete Biral. Ela atua na instituição de ensino há quase duas décadas.

A direção do colégio repudiou o ato, o qual classificou como imprudência, descuido e um grande erro da professora, nas palavras da diretora-geral, irmã Edites Bet. Segundo ela, a escola decidiu demitir a profissional.

Procurada no domingo (9), Josete solicitou que a reportagem entrasse em contato com seu advogado. Nesta segunda-feira (10), o advogado da docente, Alexandre Jorge, encaminhou mensagem para a Folha, na qual negou que sua cliente tenha feito uma saudação nazista.


Vídeo: Professora faz gesto semelhante a nazista em escola católica no Paraná


"O posicionamento dela é que não existiu qualquer gesto típico de saudação nazista.

Foi no momento de descontração, no encerramento da aula, que se for se considerar gesto típico de alguma natureza seria saudação à bandeira e à pátria", escreveu Alexandre Jorge.

O advogado ainda citou que qualquer acusação ou imputação contra sua cliente sobre gesto nazista configura fato criminoso.

Um professor relatou para a reportagem que viu o vídeo com muita tristeza e afirmou ser absurda a postura da docente.

Não é a primeira vez que uma atitude da professora chamou a atenção. Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2 de outubro, ela foi até a janela de uma das salas e balançou uma bandeira verde e amarela. A ação foi presenciada por vários alunos e gravada. É possível ouvir a alguém dizer "mito", como o presidente Jair Bolsonaro (PL) é chamado, mas não é possível identificar quem gritou.

Professores da escola contaram que a docente tem feito campanha para o candidato Bolsonaro nas dependências da escola. A reportagem recebeu fotos em que a professora aparece com adesivos com o rosto do presidente e outros adesivos com alusão a frases repetidas por ele, como "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", colados na roupa.

Professora que fez gesto semelhante à saudação nazista usa adesivos colocados a roupa em alusão a Jair Bolsonaro - - Reprodução

"A escola tem uma posição neutra politicamente junto aos seus alunos e professores. Orientamos aos mestres que procedam com neutralidade e respeito em todas as situações", escreveu a diretora-geral.

Fazer apologia ao nazismo é considerado crime no Brasil, com penas variadas.

Para o advogado e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Ariel de Castro Alves, é necessária a abertura de uma apuração sobre o ocorrido.

"O gesto dela, em princípio, faz propaganda do nazismo e trata-se, claramente, de gesticulação nazista. Se tiver relação com a música, pode ser mais associado à propaganda e defesa do nazismo", disse.

"De qualquer forma, ela deveria ser afastada das funções durante as investigações. Os atos dela são incompatíveis com o que se espera de um educador", acrescentou Castro Alves, que também é membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O advogado lembrou que a suposta tentativa de impor as ideias delas aos estudantes também pode ser passível de punição.

O artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê detenção de seis meses a dois anos por submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.

Em nota conjunta, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) e a Feip (Federação Israelita do Paraná) manifestaram repúdio à conduta da professora. As entidades disseram esperar uma apuração rigorosa dos fatos e punição exemplar à referida profissional.

"O nazismo é um movimento que promove o ódio e a morte e executou o extermínio de 6 milhões de judeus e outras minorias, como ciganos e LGBTQIAP+, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele deve ser combatido de forma efetiva, conforme a legislação vigente", encerra o comunicado.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas