Polícia simula ação para combater 'novo cangaço' no Paraná

Em abril, mega-assalto a transportadora de valores causou pânico em cidade do estado

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Campo Mourão (PR)

Dezenas de homens fortemente armados incendiaram um caminhão, bloqueando o portão do 11° Batalhão da Polícia Militar em Campo Mourão (a 460 km de Curitiba). Na sequência, dispararam tiros pelas ruas e explodiram bombas na cidade, de 87 mil habitantes —mas tudo não passava de um treinamento.

Após invadirem a agência da Caixa Econômica Federal no município e "roubarem" caixas eletrônicos, os "criminosos" fugiram para a área rural onde foram cercados pelos policiais e presos.

A simulação, ocorrida na madrugada desta sexta-feira (23), faz parte de um treinamento que vem sendo realizado em vários batalhões da Polícia Militar no Paraná como preparação para combater quadrilhas que organizam mega-assaltos em agências bancárias de cidades do interior.

policiais armados com fuzis e coletes e escudo em simulação à noite
Em ação simulada, dezenas de policiais dispararam tiros e explodiram bombas pelas ruas de Campo Mourão (PR), como treinamento para combater quadrilhas de roubo a bancos - Dirceu Portugal/Divulgação

Operações semelhantes já ocorreram neste ano nas cidades paranaenses de São José dos Pinhais, Londrina e Umuarama. No início de outubro, a simulação vai ocorrer em Paranaguá, no litoral paranaense.

O objetivo é estabelecer um plano de contingência e resposta rápida para enfrentamento de bandos que atuam em ações conhecidas como "novo cangaço", como ocorreu em Guarapuava, em abril, que resultou na morte de um policial militar. Foram presos 17 suspeitos de participarem do crime.

Nas ações simuladas, os policiais evitam a reação imediata em área urbana. No treinamento em Campo Mourão, por exemplo, os agentes só chegaram ao local, na área central da cidade, após a saída dos criminosos da agência bancária.

A intenção é evitar ferimentos ou mortes de moradores e policiais e levar possíveis confrontos para áreas isoladas na zona rural.

A divulgação antecipada da ação afastou a população das ruas centrais durante o treinamento. Foram instaladas barreiras policiais nas ruas próximas, impedindo a passagem nos locais que ocorriam os exercícios.

policiais armado com capacete dentro de van em ação à noite
Policiais esvaziaram ruas para explosões de bombas durante simulação - Dirceu Portugal/Divulgação

As explosões, apesar de controladas, poderiam causar acidentes. Em frente à agência bancária alvo do ataque, funcionários de uma drogaria 24 horas —que ficou vazia com os bloqueios na avenida— foram espectadores privilegiados. Receosos com o barulho das explosões e estilhaços de bombas, eles se mantiveram no interior da farmácia assistindo a disparos e explosões.

"O treinamento é fundamental para a preservação física dos policiais. Muitos deles, quando comunicados da ocorrência, querem enfrentar criminosos que atuam com armamentos potentes. Na simulação, o policial só atua em grupo e, em segurança e, se houver confronto, a intenção é que ocorra na área rural, preservando a população", disse o coronel Adauto Giraldes, comandante do 11° BPM. Ao total 350 policiais participaram da simulação.

Durante a ação simulada em Campo Mourão, foi montado um centro de operações, no qual drones equipados com câmeras termais captavam imagens dos criminosos com transmissão ao vivo.

Enquanto isso, viaturas eram posicionadas em pontos estratégicos da cidade, deixando a rota de fuga em direção à área rural como opção. A estrutura, segundo a corporação, pode ser ativada em quarenta minutos. Além dos policiais da cidade, batalhões da região foram mobilizados, também recebendo, em tempo real, imagens e informações da operação.

Os treinamentos policiais ocorreram também em São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, organizados pelas corporações de cada estado.

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