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Funcionário do Detran de SP suspeito de corrupção é detido com R$ 170 mil

Órgão de trânsito desconfiou do volume elevado de transferências e bloqueios de veículos em Saltinho, cidade de 8.500 habitantes

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São Paulo

Um funcionário da unidade do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) em Saltinho (a 173 km da cidade de São Paulo) foi detido nesta segunda-feira (23) por suspeita de corrupção.

Na sua casa, durante operação de busca e apreensão, a Polícia Civil disse ter encontrado cerca de R$ 170 mil em espécie.

Também foram apreendidos computadores na sede do Detran e no apartamento do servidor público, além de seu celular, documentos e um pendrive.

Computadores, dinheiro e documentos aprendidos pela polícia nesta segunda-feira (23), após ação na unidade de Saltinho (SP) do Detran; funcionário foi detido e tinha dinheiro vivo em casa - Divulgação/Deic

Segundo Eduardo Aggio de Sá, presidente Detran paulista, o departamento de trânsito desconfiou de irregularidades na última terça-feira (17), quando houve aumento desproporcional na emissão de documentos e de procedimentos na unidade de Saltinho, cidade na região de Piracicaba, com população estimada de 8.500 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A suspeita de que era o servidor público quem realizava transferências e desbloqueios de veículos acima dos padrões ocorreu pelo fato de sempre a mesma senha ter sido usada.

O órgão de trânsito e a polícia não informaram o número de documentos autorizados desde terça-feira, quando o suposto esquema fraudulento teria começado, mas que a disparada nas operações foram diárias, a partir daí.

"Considerando volume e velocidade das operações, identificamos que haveria alguma anomalia que não era comum", afirmou o executivo, que procurou a Polícia Civil. O pedido de busca e apreensão foi feito no na quarta (18) e autorizado na sexta (20).

Patrícia Guerra, corregedora da Controladoria-Geral do Estado, que participou da operação desta segunda-feira, afirmou que há indícios da participação de despachantes.

"É obvio que tem um corruptor por trás", disse o delegado André Junji Ikari, da 2ª DCCiber (Investigações sobre Violação de Dispositivos Eletrônicos e Redes de Dados). "O importante era estancar logo o problema."

O nome do servidor público não foi informado pela polícia e nem se tem defensor constituído. Segundo o Detran, ele é concursado e trabalha no órgão de trânsito desde 2009. Ele não tem antecedentes criminais.

O servidor, também de acordo com a Polícia Civil, não soube dizer a origem do dinheiro achado em sua casa.

O suspeito será indiciado por peculato digital, crime praticado por funcionário público que insere e deleta informação do banco de dados da administração para obter vantagem indevida. A pena prevista, caso condenado, é de 2 anos a 12 anos de reclusão.

Ele foi levado para prestar depoimento em São Paulo e vai responder em liberdade —o teor não foi informado— e vai responder em liberdade, segundo a polícia.

Em setembro do ano passado, um diretor-técnico do setor de veículos do Detran foi preso, apontado pela polícia como chefe de um esquema de fraudes.

Além dele, um soldado da Polícia Militar que trabalhava no departamento e três donos de empresas despachantes foram detidos sob a mesma suspeita. De acordo com a Polícia Civil, a defesa deles não prestou esclarecimentos até a publicação desta reportagem.

Na casa do diretor, segundo a polícia, foram apreendidos R$ 100 mil em dinheiro, R$ 500 mil em cheques, além de uma pistola calibre 380 com a licença vencida. Também foram apreendidas quatro armas de airsoft.

O esquema investigado pela Polícia Civil facilitava, mediante pagamento, a venda de veículos, incluindo de pessoas mortas, além de emitir CNHs (carteiras de habilitação) sem que as pessoas precisassem comparecer às aulas teóricas ou práticas em autoescolas.

Segundo a polícia, a fraude envolvia a falsificação de documentos que agilizavam a venda de veículos. Os acessos ao sistema do Detran seriam feitos com senhas clonadas de funcionários, sem que eles soubessem.

O grupo conseguiu faturar cerca de R$ 2,4 milhões, desde abril do ano passado, quando as investigações começaram, de acordo com a Divisão de Capturas do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas).

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