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Descrição de chapéu Obituário Maria José Maciel Anibolete de Souza (1955 - 2023)

Mortes: Apaixonada pela vida, ensinou com amor e simplicidade

Zezé guardou os jornais do dia de nascimento dos filhos

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São Paulo

Zezé transformava o supermercado quando chegava para fazer compras. Não apenas por ser conhecida e respeitada em Mendes, sua cidade natal, mas porque ela colocava todos —funcionários e clientes— para dançar.

Equipada com um fone de ouvido com microfone, dançava enquanto dizia "alô, pessoal dos frios, alô, pessoal do açougue". Dançar, abraçar e ser apaixonada pela vida foram marcas registradas de Maria José Maciel Anibolete de Souza.

Nascida em 1955 em Mendes, no interior do Rio de Janeiro, era de uma família conhecida de comerciantes da cidade, e seguiu no ramo. Entre as diversas ocupações, vendeu churrasquinho em frente ao tradicional clube Cipec.

Maria José Maciel Anibolete de Souza, a Zezé (1955 - 2023) ao centro, com os filhos Keila e Kleiton - Arquivo pessoal

A garotada que frequentava as matinês cresceu e manteve as amizades pelos bares, onde Zezé era muito bem recebida. Era frequentadora assídua dos concertos do grupo local de pagode Fuzuê Percussão.

Onde estivesse, ela era motivo de alegria. Dançava, cumprimentava e conversava, por horas a fio, memorizando a melhor parte para escrever em um dos muitos cadernos que tinha em casa. "Se você falasse algo bonito para ela, ela memorizava, repetia para guardar e passava para o caderno", diz a sobrinha Casusa Anibolete, 42.

Os textos estão guardados na casa de Zezé, juntamente com santinhos de eleições antigas, fotos, fantasias e jornais. Parte dos recortes ela guardou no dia de nascimento dos filhos Keila, 43, e Kleiton, 36.

"Há um tempo ela me deu um envelope e disse 'isso aí foi tudo que achei do jornal no dia do seu nascimento", lembra o filho. Além do jornal, ele conta que ela guardou uma nota de vinte reais especial, de 2006. "Era do meu primeiro emprego de carteira assinada. Não lembro do valor, mas dei um monte de notas de R$ 20 para ela. E ela não usou todas, guardou uma", diz ele.

Zezé redescobriu a alegria de sorrir após superar a depressão e conseguir uma prótese dentária, com a ajuda dos filhos. Foi uma mãe que deu conselhos e liberdade, sem reprimir, e cuidou da família até os últimos momentos.

"Eu voltei a estudar para concurso, e a última coisa que ela falou, já com dores, foi perguntar como havia sido uma prova que fiz", afirma Keila.

Zezé morreu após sofrer um infarto enquanto dormia, em 23 de maio, aos 67 anos. Deixa os filhos e o carinho de uma cidade inteira, além da fé inabalável em Nossa Senhora Aparecida.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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