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Descrição de chapéu Obituário Odair Dias Gonçalves (1952 - 2023)

Mortes: Físico, mostrou preocupação profunda por justiça social

Odair Dias Gonçalves defendeu o uso pacífico da energia nuclear no país, mesmo enfrentando diversas opiniões contrárias

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São Paulo

O físico Odair Dias Gonçalves cresceu em Santo André (SP), mas passou a maior parte da carreira de pesquisador e professor no Rio de Janeiro. Graduou-se na USP (Universidade de São Paulo) em 1973 e, já no mestrado, rumou para a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde concluiu também o doutorado, que abarcou uma estadia no Instituto Hahn-Meitner de Pesquisa Nuclear em Berlim (Alemanha).

Começou a lecionar em 1979 na própria UFRJ, onde se tornaria professor titular e fundador do curso de física médica. Afastou-se da universidade apenas no período 2003-2011, como presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

Segundo seu único filho, o astrofísico Thiago Signorini Gonçalves, defendeu na chefia da Cnen o uso pacífico da energia nuclear, mesmo enfrentando diversas opiniões contrárias. Como dirigente do setor, representou o Brasil na Agência Internacional de Energia Atômica e na Comissão Científica das Nações Unidas sobre Efeitos da Radiação Atômica.

Odair Dias Gonçalves (1952-2023) e a esposa Hebe - Arquivo pessoal

"Sempre lutava pelo que considerava correto, justo ou importante, uma lição que aprendi, e que sinto ter guiado seu trabalho na Cnen", diz o filho. "Tinha uma preocupação profunda com justiça social", como demonstraram seus esforços para garantir ao Brasil um suprimento confiável de radioisótopos imprescindíveis à medicina nuclear.

Chamou para a missão na Cnen, como diretor científico, o físico paulista Marcos Nogueira Martins, amigo fiel desde a USP e companheiro frequente na mesa farta de vinhos, queijos e frutos do mar. Exibia predileção especial por camarões, que preparava com seu perfeccionismo exigente. Outra paixão, além da física e da família, era o jazz.

"Adorava viajar e conhecer o mundo, algo que fez com minha mãe e comigo", conta Thiago. "Ultimamente, sinto que se estabeleceu; não necessitava mais buscar algo diferente, mas aproveitar o que havia cultivado ao longo da vida, ao lado da família, além de momentos com os amigos mais próximos."

Duas semanas antes de morrer, mesmo muito debilitado pela quimioterapia, Odair enfrentou uma viagem a São Paulo. Percorreu com amigos seus restaurantes preferidos na cidade, como Casa Garabed, de comida armênia, e Kubo Zushi, onde degustou os amados guiozas e tempurás.

Todos compreenderam que era uma espécie de despedida, embora sem suspeitar que o desfecho viria tão rapidamente. Odair morreu domingo (11) em seu apartamento no bairro Laranjeiras, de câncer, apenas oito meses depois de sua companheira de vida inteira, a psicóloga Hebe Signorini Gonçalves, ser levada pela mesma enfermidade.

Na última festa de Ano Novo, reunira família e amigos em Santo Antônio do Pinhal (SP) para depositar num bosque as cinzas de Hebe e oferecer-lhes uma refeição com queijos e vinhos. Os réveillons na serra da Mantiqueira eram uma tradição do casal.

Odair deixa a mãe Dulce, os irmãos Nilton e Regina, o filho Thiago, a nora Karín e as netas Sofia e Ilana. Seu corpo foi cremado terça-feira (13) no Rio de Janeiro.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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