Descrição de chapéu Obituário Juarez Marcos da Silva (1968 - 2023)

Mortes: Resgatado das ruas quando criança, tornou-se orientador de jovens

Juarez do Petrape fez da instituição seu sobrenome e lutou por crianças do sertão pernambucano

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Petrolina (PE)

Na década de 1970, uma freira reunia crianças em situação de rua embaixo de uma figueira no pátio do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Petrolina (PE) para a catequese. Entre eles, estava Juarez Marcos da Silva, então com 10 anos.

O garoto falante, que trabalhava na feira para ajudar a mãe Maria da Penha devido à ausência do pai, organizava a turma para participar das orações e receber comida. "Juarez multiplicava, passava na rua e levava os meninos", diz o policial militar José Vieira, 61, que ajudava a freira.

Um grupo de 12 em 1978 passou a 50 em 1983. Ali surgia a entidade filantrópica Pequenos Trabalhadores de Petrolina (Petrape), que já acolheu milhares de meninos em situação de risco social.

Juarez Marcos da Silva (1968 - 2023)
Juarez Marcos da Silva (1968 - 2023) - Reprodução/Facebook

Já adulto, tornou-se Juarez do Petrape, atuando como educador social da instituição —considerava os meninos como filhos. Mesmo quando se afastou da entidade para cuidar da mãe, continuou colaborando com as atividades.

"Onde ele visse alguém precisando, estava sempre por perto. Visitando famílias, levando cesta básica e palavra de conforto", lembra Vieira.

Com seu chapéu de couro e um largo sorriso, Juarez estava sempre presente nos eventos da cidade, animava gincanas e desfiles cívicos. Com a Orquestra do Petrape, criou o bloco de Carnaval "Herói ou Malandro" em 1992.

Em 2010, enviou uma mensagem para uma amiga dizendo "o menino do Petrape está na Itália". Era o orgulho de cruzar o Atlântico para representar a instituição. Foi palestrar nas universidades de Padova e de Veneza. O momento também era de realização do sonho de voar. "É minha primeira viagem internacional e eu nem conheço o Brasil", celebrava.

O educador também ajudou outras instituições, como a Casa da Criança e abrigos de idosos. Nesses últimos, os arraiás vão ficar menos animados —Juarez era um exímio dançarino de forró e se voluntariava para ser par das idosas.

No último dia 20, ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e foi internado no Hospital Universitário de Petrolina, onde permaneceu até o dia 29 de maio, quando sua morte encefálica foi anunciada, aos 54 anos.

Juarez deixa eternas saudades na esposa, Máxima Leite, nos três filhos (Juarez Junior, Cíntia Gabriele e Maria Vitória) e nos dois netos (Diogo e Aila), além dos muitos filhos de coração que ajudou a criar no Petrape.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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