Descrição de chapéu Obituário José Omar Bacci Cesari (1951 - 2023)

Mortes: Dentista dedicado, cultuou família, amigos e pacientes

José Omar Bacci Cesari era viciado em notícias e se mantinha sempre bem informado

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São Paulo

É comum achar uma desculpa para desmarcar dentista. Mas pouca gente cabulava sessão com José Omar Bacci Cesari, que a maioria chamava mesmo de Zeca.

"Além de ser ótimo profissional, a consulta com ele era sempre um momento de uma conversa simpática, agradável", escreveu um dos antigos pacientes.

Zeca nasceu em Bauru (interior de SP). Formou-se na Universidade Mogi da Cruzes e fez especialização em cirurgia bucomaxilofacial.

Na faculdade, conheceu Luiz Colucci, 70. "Nos falamos no primeiro dia de aula, uma semana depois já montamos uma república. Era da paz, sossegado", diz. Ao lado de Colucci, ele foi professor no curso de implante da USP (Universidade de São Paulo).

José Omar Bacci Cesari (1951-2023)
José Omar Bacci Cesari (1951-2023) - Arquivo pessoal

Conheceu o amor da vida em um grupo de adolescentes formado no bairro da Aclimação, em São Paulo. Ele tinha 17, ela, 13. Ficaram juntos até agora, quando o grande coração de Zeca parou, aos 71 anos.

"Zeca e Rosane eram goiabada com queijo’’, escreveu Carol Sperandio, coordenadora pedagógica do Colégio Rio Branco. Carol conheceu o marido da colega na pandemia, virtualmente, já que às vezes ele surgia na tela sem querer, levando uma xícara de chá ou café para a mulher, entre uma reunião e outra: "Entrava e saía da sala procurando ser discreto, invisível, mas deixando um tantinho de carinho e de cuidado com ela".

A aposentadoria forçada veio em 2019, quando um problema no olho direito impediu Zeca de trabalhar. Um baque para ele, que adorava o próprio ofício.

Adorava também praia, futebol, livros de Stephen King. Sempre bem informado, era viciado em notícias, lia e ouvia rádio o tempo todo, até pelo celular.

Afastado do seu consultório, foi um marido, pai e avô ainda mais presente. Não que não fosse antes: família sempre era prioridade.

Família e amigos. O núcleo duro das amizades era a "turma amada", como dizia: cinco pares que se conheceram recém-casados, viajaram e curtiram muito juntos. Já na terceira geração, com filhos e netos das mesmas idades, são colados até hoje.

Sem falar em cunhados, sobrinhos, pacientes. A camaradagem do Zeca ia desde emprestar o carro para agilizar o romance de um parente, zoar sem dó a pessoa cujo time perdera do Palmeiras até assistir um amigo doente. Ou escutar com calma alguém nervoso.

Sua rotina recente incluía buscar os netos na escola. Terça era o dia da Laura, 8. Ficava com a menina até a filha voltar do trabalho. "Eu encontrava a casa de perna para o ar. Os dois brincavam de tudo, ele fazia as vontades, pedia McDonald’s, fazia pipoca de micro-ondas’’, conta Lúcia, a caçula.

"Sempre valorizou a mulher e as filhas. Não tinha nada de machista ou autoritário. Sabia ouvir. Meu pai era minha pessoa no mundo", diz a mais velha, Beatriz, mãe de Gabriel, o primeiro neto.

Em rede social, o menino de 15 anos definiu o avô, boleiro como ele: "Meu parça, meu fechamento".

Zeca deixa mulher, filhas, netos e um monte de fãs.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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