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Descrição de chapéu Obituário Ivo Alves Barreto (1938 - 2023)

Mortes: Farmacêutico autodidata, era chamado de médico do povo

Ivo Barreto gostava de livros e participava de grupos solidários

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Juazeiro (BA)

Por mais de 50 anos, Ivo Alves Barreto orientou doentes em Juazeiro (BA) do lado de trás de um balcão de farmácia. A rotina começava às 7h e seguia até as 22h. A fila parecia de posto de saúde. O povo queria saber qual remédio tomar, em uma época em que acesso a médico era difícil. A função lhe deu o título de "médico do povo".

"Ele nunca cobrou nada. Tinha gente que não tinha dinheiro para comprar o medicamento e ele dava. Em casos graves, indicava buscar um médico", diz sua primogênita, Ivana Oliveira Barreto, 63.

A expertise com remédios começou ainda em Barra do Mendes (BA), sua cidade natal. Primeiro filho homem após sete mulheres, sustentou a casa depois que o pai deixou a mãe, grávida do irmão mais novo. Aos sete anos, entregava pão. Depois, começou a trabalhar em uma farmácia.

Ivo Alves Barreto (1938 - 2023) - Arquivo pessoal

Aos 18, Ivo foi para São Paulo em busca de trabalho e estudo. Mas voltou um ano depois, a pedido do ex-patrão, que lhe confiou o comando da farmácia.

No trabalho, conheceu Nívea, sobrinha do patrão, e começaram a namorar escondido, por cartas. Ivo achava que não dariam a mão da moça a um "negro e pobre". Casaram-se aos 20 anos e tiveram uma filha. Também adotaram um afilhado, que perdeu a mãe.

Em uma viagem, encantou-se com Juazeiro, onde foi morar em 1964. Mudou primeiro sozinho, até comprar uma casa e buscar a família. Na nova cidade, montou sua farmácia e teve mais quatro filhas.

Na década 1970, conheceu o espiritismo por causa do problema de uma filha e se tornou multiplicador da doutrina. "Seu caso não é de remédio, é problema espiritual", dizia ao indicar a busca por um centro espírita.

Autodidata, mantinha uma biblioteca em casa e incentivava os herdeiros a estudar. "Ele sempre leu e estudou muito", diz Ianna Oliveira Barreto, 42, filha mais nova.

Ailton Junior, 35, frequentou o acervo do avô para estudar. "Se eu e vários primos meus temos profissão, é por causa de seu perfil incentivador", afirma o advogado.

Ivo se dividia entre a farmácia, seu sítio Mulungu e grupos solidários. Entre as ações, fez campanhas de alimento no Natal e brinquedos no Dia das Crianças.

Há 20 anos, teve uma crise no pâncreas. Em 2016, veio o diagnóstico do câncer. Fez tratamento, ficou bem, mas o tumor voltou dois anos depois. Nos últimos três anos, parou a quimioterapia devido a uma anemia.

Quando já não podia trabalhar, ficava em uma cadeira na frente da farmácia. Ao verem seu sofrimento, os filhos decidiram fechar as portas, em 2020.

Ivo morreu no dia 31 de outubro. Deixa a esposa Nívea, 84, os filhos Ivana, Ailton, Ivanete, Ivanusia, Iulla e Ianna, 17 netos e 11 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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