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Descrição de chapéu violência

Homem diz que ficou 8 dias refém de fugitivos de Mossoró e gastou R$ 500 em comida; veja vídeo

Polícia localiza endereço em que criminosos se esconderam, próximo da divisa entre Rio Grande do Norte e Ceará

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Mossoró (RN)

A polícia identificou um endereço em que os fugitivos da penitenciária federal de Mossoró se esconderam, perto da divisa entre o Rio Grande do Norte e o Ceará, após localizar um responsável por levar comida aos foragidos. O mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, 38, diz à Folha que a família estava sendo refém.

De acordo com Fernandes, ele, a esposa e o bebê ficaram quase oito dias sob o poder dos criminosos. Ele afirma que gastou R$ 500 em comida para os foragidos durante o período.

"Ameaçaram minha família", diz. "Gastei pouco, foi na faixa de R$ 400 e pouco, R$ 500, por aí. Não foi muita coisa não."

O mecânico também deu essa versão aos policiais. De acordo com ele, a família foi rendida pelos bandidos enquanto dormia, no período da noite. As autoridades estão investigando se ele era realmente uma vítima na situação.

O mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, 38, que diz ter sido feito refém pelos fugitivos da penitenciária de Mossoró - Raquel Lopes/Folhapress

O cerco na divisa foi intensificado na sexta-feira (23) em busca dos fugitivos após essas novas informações. Segundo investigadores, o carro em que estava o homem foi abordado em uma barreira feita pelo Gaep (Grupo de Ações Especiais Penitenciárias do Sistema Penitenciário Federal).

Segundo o mecânico, os fugitivos diziam que conheciam toda a rota que ele fazia e que estava sendo observado. Eles chegaram a ameaçar matar a família caso fossem entregues para a polícia.

"Eu estava em casa com minha esposa de sábado (17) para domingo (18), eles chegaram e abriram a porta. Não mexeram com a gente, disse que era para ter calma que nada iria acontecer com a gente", disse.

"[Eles] queriam que ajudássemos eles, garantindo que ninguém mexeria com minha família. Eles sabiam do meu irmão, que eu trabalhava numa oficina, eles já estavam sabendo meus passos", explicou.

Segundo o mecânico, ele teve que comprar bolacha, iogurte, carne enlatada todos os dias e deixar a poucos metros atrás da casa, onde estavam escondidos os fugitivos. "Eu colocava a comida no local, fazia minha rotina normal e ia para rua, meu trabalho era esse", disse.

Fernandes chegou a ser detido na tarde de sexta-feira (23) numa blitz onde tinha passado todas as informações e foi liberado a noite. Já no sábado (24), ele foi detido novamente, sendo liberado no mesmo dia. "Para falar verdade, eu estou [assustado], quem é que não estaria se estivesse na minha pele", disse.

O mecânico disse que pretende abandonar a propriedade após o que aconteceu. Eu passei dias sem dormir, estava tomando remédio para dormir e não conseguia", disse.

Até o momento, três pessoas foram presas sob suspeita de ajudar na fuga de dois detentos. Dois dos detidos na operação foram presos em flagrante com armas e drogas, enquanto um terceiro tinha um mandado de prisão em seu nome e foi preso pela Polícia Federal em Quixabeirinha, em Mossoró. Um carro também foi apreendido pela polícia.

A investigação já trabalhava com a hipótese de que a dupla tivesse recebido ajuda fora do presídio. Isso, inclusive, teria motivado o cerco realizado na quarta-feira (21) na cidade de Baraúna, também no Rio Grande do Norte, onde cartazes com o rosto dos fugitivos foram espalhados.

Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho ou Tatu, são suspeitos de ligação com a facção Comando Vermelho.

Policiais em barreira durante buscas a fugitivos da penitenciária federal de Mossoró (RN) - 17.fev.2024 - Raquel Lopes/Folhapress

Eles fugiram do sistema prisional na madrugada do último dia 14, Quarta-Feira de Cinzas, e teriam furtado roupas e alimentos no período da noite na comunidade Rancho da Caça. Dois dias depois, fizeram uma família refém, tendo levado dois celulares e carregadores.

Para fugir da penitenciária, eles usaram uma barra de ferro, retirada da estrutura da própria cela, para escavar o buraco da luminária pelo qual conseguiram escapar, afirmam integrantes da cúpula das investigações.

A luminária por onde os presos fugiram não estava protegida por concreto —apenas por alvenaria. Além disso, câmeras de vigilância não estavam funcionando, assim como algumas lâmpadas.

Investigações apontam que a penitenciária não estava fazendo revistas diárias nas celas ou nos detentos, o que seria um erro de procedimento. Mesmo as celas desocupadas deveriam receber inspeções regulares.

A Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) do Acre prendeu na manhã desta sexta o irmão de um dos fugitivos.

De acordo com as autoridades, o homem tem condenação por roubo e participação em organização criminosa e estava com mandado de prisão em aberto. O nome do preso não foi divulgado.

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