Família presa na Bahia lavou dinheiro do tráfico com imóveis e fazendas, diz Promotoria

Seis foram presas e suposto líder da quadrilha foi morto; defesa de viúva não comenta e genro diz que vai provar inocência

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Salvador

Uma operação da Polícia Federal desarticulou um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que seria comandado por uma família da cidade de Feira de Santana (a 109 km de Salvador).

A operação Kariri, deflagrada na quarta-feira (21), teve como principal alvo Rener Manoel Umbuzeiro, acusado de liderar uma organização criminosa que atuava no plantio e no tráfico de maconha. Rener foi morto na operação –segundo a Polícia Federal, ele teria reagido à abordagem dos agentes.

Seis pessoas da mesma família foram presas na operação. O pedido de prisão feito pelo Ministério Público do Estado da Bahia e acatado pela Justiça aponta que os membros da família ocultaram bens e teriam lavado dinheiro do tráfico de drogas com imóveis e fazendas.

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Operação Kariri teve como principal alvo Rener Manoel Umbuzeiro, suspeito de lavar dinheiro do tráfico com fazendas - Polícia Federal / Divulgação

Entre os presos está a esposa de Rener, Niedja Maria de Lima Souza, a filha Larissa Gabriela Lima Umbuzeiro e o genro Paulo Victor Bezerra Lima.

Também foram presos preventivamente três parentes de Niedja: a irmã Clênia Maria Lima Bernardes, a sobrinha Gabriela Raizila Lima de Souza e a prima Robelia Rezende de Souza –esta última teve a prisão convertida em domiciliar após a audiência de custódia.

Responsável pela defesa de Paulo Victor, o advogado Caio Britto informou em nota que seu cliente é uma "pessoa de reconhecida conduta ilibada", que confia na Justiça e que, no momento oportuno, ficará demonstrada a inocência.

O advogado Joari Wagner, responsável pela defesa de Niedja e Robelia, afirmou que não comentaria a investigação, que está em segredo de Justiça. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Larissa, Clênia e Gabriela Raizila.

De acordo com as investigações, a família Umbuzeiro teria começado a atuar no tráfico de drogas há cerca de 30 anos no sertão de Pernambuco. Há cerca de dez anos, Rener, esposa e filhos mudaram-se com a família para Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia.

A família estabeleceu um estilo de vida de alto padrão e adquiriu imóveis de luxo. A investigação apontou Rener e a esposa utilizavam os filhos "para blindagem de patrimônio", com a transferência e o registro de imóveis em nome deles.

Segundo as investigações, Niedja e a filha Larissa tinham "pleno conhecimento de que os recursos utilizados para aquisição [de imóveis] eram fruto de atividades ilícitas" e, em razão disso, ambas se mobilizavam para ocultar o patrimônio e as transações financeiras.

A despeito de não exercer nenhuma atividade legal remunerada, o casal morava em um apartamento avaliado em R$ 1,4 milhão. A filha do casal também tinha imóveis em seu nome e cursou medicina em uma faculdade privada com mensalidade de R$ 12 mil mensais.

Mesmo ostentando um alto padrão financeiro, Rener, a esposa e a filha foram beneficiários do auxílio emergencial fornecido pelo governo federal durante a pandemia da Covid-19.

Além dos sete mandados de prisão, 20 de busca e apreensão, a Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias e imóveis cujo valor pode totalizar R$ 50 milhões.

As investigações começaram em 2019 com três flagrantes, nos quais foi apreendida mais de uma tonelada de maconha. Segundo a polícia, roças de maconha foram erradicadas e permitiram "identificar o responsável pela organização e toda a cadeia de lavagem de capitais."

Segundo a investigação, a polícia registrou encontros dele com ao menos dois homens que já foram presos por tráfico de drogas. As reuniões aconteciam em supermercados, bares e lanchonetes da cidade.

Sete meses depois, a polícia apreendeu um caminhão com 885 quilos de maconha em São Gonçalo dos Campos, vizinha a Feira de Santana. Três pessoas foram presas e uma delas disse ter sido contratada por Rener para transportar a droga mediante um pagamento de R$ 2.000.

A polícia também identificou que outro homem preso com a carga de maconha teria conexões com um primo de Rener, para quem teria feito um repasse de R$ 24 mil por meio de transferência bancária.

Em paralelo às investigações sobre tráfico de drogas, a polícia apurou possíveis crimes de lavagem de capitais.

A polícia identificou a aquisição de ao menos 11 imóveis de parentes de Rener –seis deles permanecem com a família. Dentre eles estão apartamentos de alto padrão em Salvador, Feira de Santana, uma casa de praia em Itacimirim, litoral norte da Bahia, e fazendas em Ibititá e América Dourada.

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