Descrição de chapéu violência

Três são presos sob suspeita de ajudar em fuga em Mossoró

Procura pelos detentos de penitenciária federal entra no 9º dia

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Mossoró (RN) e Brasília

Três pessoas foram presas sob suspeita de ajudar na fuga de dois detentos da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. As buscas pelos fugitivos chegaram ao nono dia.

Dois dos detidos na operação foram presos em flagrante com armas e drogas, já um homem estava com mandado de prisão e foi preso pela Polícia Federal em Quixabeirinha, em Mossoró. Um carro também foi apreendido pela polícia.

A investigação já trabalhava com a hipótese de que a dupla tivesse recebido ajuda fora do presídio. Isso, inclusive, teria motivado o cerco realizado na quarta-feira na cidade de Baraúna, no Rio Grande do Norte.

Equipes de busca espalham cartazes de fugitivos em comércio local até o Ceará
Equipes de busca espalham cartazes de fugitivos em comércio local até o Ceará - Raquel Lopes

Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho ou Tatu. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho (CV).

Segundo informações da 8ª Vara Federal de Mossoró, um homem foi preso por volta das 17h de quarta-feira (21). Ele mora na cidade, foi preso em casa e não apresentou resistência. A suspeita é de que ele teria prestado "auxílio material" aos dois fugitivos, para ajudá-los a saírem de onde estavam. Não teria sido, no entanto, em forma de dinheiro.

O preso também não teria qualquer vínculo com a penitenciária e a ajuda teria sido apenas após a fuga, segundo os investigadores. A íntegra da decisão está em sigilo para preservar as investigações.

A busca pelos dois detentos chegou ao nono dia nesta quinta-feira. Segundo agentes que atuam na área operacional, as equipes trabalham em um raio de 15 km, com o empenho integrado de todas as forças de segurança federais e estaduais. Parte da região de Baraúna está incluída nesse raio.

Policiais têm enfrentado diferentes desafios na operação, como buscas em cavernas e matas, presença de animais peçonhentos e chuvas frequentes.

Novos policiais têm chegado quase todos os dias à região. Já são cerca de 500 envolvidos, segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Na segunda (19), o ministro autorizou o emprego de mais 100 homens da Força Nacional nas buscas.

A investigação aponta que os dois fugitivos usaram uma barra de ferro retirada da estrutura da própria cela para escavar o buraco da luminária pelo qual conseguiram escapar.

Ao adentrarem em um shaft (espaço ao lado das celas destinado à manutenção do presídio, onde estão localizadas máquinas e tubulações), alcançaram o teto do sistema prisional, que não tinha grade, laje ou um sistema de proteção.

O presídio estava passando por uma reforma interna, havendo operários e ferramentas que possivelmente estavam espalhadas e ao alcance dos fugitivos.

Investigações apontam que a penitenciária não estava fazendo revistas diárias nas celas ou nos detentos, o que seria um erro de procedimento. Mesmo as celas desocupadas deveriam receber inspeções regulares.

Além disso, a luminária por onde os presos fugiram não estava protegida por concreto —apenas por alvenaria. Além disso, o ministro afirmou que algumas câmeras de vigilância não estavam funcionando adequadamente, assim como algumas lâmpadas.

Segundo investigadores, um relatório de inteligência de 2021 já alertava o Ministério da Justiça de que mais de cem câmeras estavam inoperantes em Mossoró; outro, de 2023, teria alertado sobre a possibilidade de fuga pela luminária, exatamente como ocorreu com os dois fugitivos.

Pessoas que tiveram acesso ao presídio disseram ainda que a unidade estava mal conservada. Uma das hipóteses para que isso acontecesse foi a descontinuação do contrato de manutenção predial entre os anos de 2020 e 2022.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino afirmou que não recebeu nenhum dos relatórios de inteligência que teriam apontado as falhas na segurança da penitenciária federal.

Na última semana, o governo federal começou a instalar três barras de ferro na parte interna onde ficam as luminárias em todas as celas e vivências do presídio para reforçar a segurança.

Além disso, foi dada autorização para a instalação de grades no shaft, espaço voltado à manutenção do presídio que fica ao lado das celas e que foi acessado pelos fugitivos.

A intenção da pasta é começar a construção da muralha ainda no primeiro semestre.

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